Por: Jonas | 28 Fevereiro 2013
Ele é um dos nomes do novo Conclave. O jovem arcebispo de Manila, que surge entre os nomes do Colégio cardinalício, é considerado muito mais do que apenas um “outsider” dentro do Consistório.
A reportagem é de Luca Rolandi, publicada no sítio Vatican Insider, 25-02-2013. A tradução é do Cepat.
O pensamento pastoral e teológico do cardeal Luis Antonio Gokim Tagle (foto) estará disponível nas livrarias, com o seu primeiro livro traduzido em italiano: “Gente da Páscoa. A comunidade cristã, profecia de esperança”, editado por Emi. O ensaio conta com o prefácio do prior de Bose, Enzio Bianchi, que escreve essas expressivas palavras: “Um homem evangélico que sabe narrar Jesus Cristo, verdadeiramente”.
O arcebispo de Manila é um admirado teólogo e conferencista, sobretudo por Bento XVI que teve a oportunidade de escutá-lo em muitos Sínodos no Vaticano (1998, 2005, 2008 e 2012). É também colaborador na “História do Concílio”, de Giuseppe Alberigo, na qual expôs sua visão da Igreja católica do terceiro milênio. Uma Igreja, aponta Tagle, que saiba aproveitar a ocasião para ser significativa, no contexto da globalização, na que a característica principal do cristianismo (o amor de Deus anunciado por Cristo na sua morte e ressurreição) possa se tornar muito mais convincente e incisiva do que em relação ao passado.
Feito cardeal aos 55 anos (em novembro de 2012), Tagle é o “astro nascente” do episcopado asiático. Desde outubro de 2011 é arcebispo de Manila. Sua formação teológica se robusteceu na Catholic University of America, de Washington. Caracteriza-se por seu trato humano e muito simples, por sua capacidade comunicativa; é um bispo “à mão”, segundo os que o conhecem bem, e que está muito próximo dos pobres. Gostava de dar aos seus seminaristas, quando era bispo de Imus, na periferia de Manila, o número de seu aparelho celular para poder discutir e conversar juntos sobre sua formação. Como é filho de uma mulher chinesa, também tem uma sensibilidade muito importante em relação à comunidade católica do gigante asiático.
A teologia de Tagle, cristocêntrica e aberta à mensagem universal de salvação, tem raízes profundas na cultura bíblica e exegética de diferentes mestres como Karl Rahner, Bernard Lonergan, Gabriel Marcel, Raymond Brown, Yves Congar e Gustavo Gutiérrez.
“Parece que hoje existe uma cultura neoliberal exportada e que se propõe como elemento de unificação - escreve Tagle. Trata-se de uma cultura de inspiração completamente neopagã, influenciada por valores pós-modernos decididamente mundanos, individualistas, competitivos e materialistas”. Contrária a uma proposta deste tipo, sustenta o cardeal filipino, a Igreja deve propor uma visão baseada na solidariedade autêntica: “O respeito à dignidade humana é essencial para a verdadeira solidariedade. Entre os tantos que não recebem solidariedade, há grupos minoritários dentro dos diferentes países: os trabalhadores imigrantes, os que não têm voz na sociedade e diante da cultura dominante, os que se encontram na indigência econômica, os perseguidos. Em nosso fragmentado mundo de minorias, a Igreja tem a oportunidade privilegiada de oferecer o testemunho do amor de Deus, que considera os seres humanos da maneira como eles são, ao invés de buscar neles as qualidades amáveis que podem oferecer ou das quais se pode obter certo proveito”.
Segundo Tagle, a ressurreição de Cristo também tem um valor social de advertência contra do mal que atua. Celebrar a ressurreição é “manter viva a memória das vítimas, essas que o mundo quer enterrar e esquecer. A ressurreição é uma memória que causa incômodo, porque nos recorda a crueldade dos seres humanos para com o seu próximo. Também é uma memória incômoda porque contém a promessa da potente justiça de Deus, que é uma esperança para as vítimas e uma ameaça para os que prejudicam os demais”.
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A teologia do cardeal Tagle - Instituto Humanitas Unisinos - IHU