Müller e Grocholewski apoiam a PUC de Lima

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Por: André | 27 Fevereiro 2013

Pesa sobre a PUC de Lima uma sanção emitida pela Santa Sé. Por vontade do papa está proibida de ostentar seus títulos de “Pontifícia” e “Católica”. Todos os seus professores de teologia encontram-se desabilitados para ensinar. Mas nada disso impediu as suas autoridades de receber o apoio explícito de dois personagens de primeiro nível no Vaticano: os prefeitos das Congregações para a Doutrina da Fé e para a Educação Católica, respectivamente Gerhard Ludwig Müller e Zenon Grocholewski.

A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez e publicada no sítio Vatican Insider, 26-02-2013. A tradução é do Cepat.

Em 22 de fevereiro passado, a apenas seis dias do final do presente pontificado, ambos os prefeitos receberam em audiência o reitor dessa universidade, Marcial Rubio Correa, e o vice-reitor acadêmico, Efraín Gonzales de Olarte. Estiveram presentes também os secretários da Doutrina da Fé, Luis Francisco Ladaria, e da Educação Católica, Angelo Vincenzo Zani.

A reunião foi tornada pública pelo sítio institucional da ex-Pontifícia Universidade Católica do Peru, que divulgou uma fotografia. Mas não precisou o conteúdo da “cordial conversa”, como a qualificou em um breve comunicado.

O encontro surpreendeu a próprios e estranhos na Cúria Romana. Tudo parece indicar que a reunião aconteceu sem a aprovação da Secretaria de Estado, o que poderia ser configurado como uma clamorosa desobediência. Especialmente depois da reunião de alto nível que aconteceu no começo de fevereiro passado e da qual saiu chamuscado o prefeito Müller.

Tratou-se de uma reunião “interdicasterial” convocada pelo secretário de Estado, Tarcisio Bertone, cujo principal objetivo foi analisar a validade de uma carta enviada pelo “guardião da ortodoxia” ao arcebispo de Lima e grão-chanceler da universidade, Juan Luis Cipriani Thorne, no final de janeiro.

Com essa carta o prefeito pretendeu reverter a decisão de Cipriani de não renovar a licença eclesiástica para lecionar de todos os professores do Departamento de Teologia da ex-PUCP. Mas a carta estava com vícios de origem, porque não respeitou nenhum dos requisitos de uma comunicação oficial, nem do ponto de vista formal nem do ponto de vista jurídico. Portanto, a reunião “interdicasterial” considerou-a inválida.

Por isso e como resultado dessa análise, a Santa Sé enviou ao Peru uma carta que declarou legítima a determinação do arcebispo de não conceder as licenças para ensinar teologia católica aos professores dessa universidade.

Tudo baseado em uma sanção aplicada com o aval do Papa e que mantém sua plena vigência jurídica pela contumaz negativa da Assembleia Universitária de reformar seus estatutos para adequá-los às normas vaticanas sobre as instituições de educação superior católicas: a constituição apostólica “Ex Corde Ecclesiae”.

Segundo pôde confirmar o Vatican Insider, há vários meses e desde suas posições no Vaticano, tanto Müller como Grocholewski tentaram, por vários meios, reverter a sanção contra a universidade, para conseguir que recupere o uso de seus títulos. Sobre este tema os prefeitos tiveram uma fluida comunicação com o prepósito geral da Companhia de Jesus, os jesuítas, Adolfo Nicolás Pachón.