23 Novembro 2012
No dia 22 de novembro, o jesuíta colombiano Francisco De Roux receberá em Paris o Prêmio de 2012 pela Prevenção de Conflitos, organizado pela Fundação Chirac, considerado o Nobel francês da paz.
A reportagem é de Stefano Femminis, publicada na revista dos jesuítas italianos, Popoli, 20-11-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Também fazem parte do júri, além do ex-presidente francês, o ex-secretário geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, e Federico Mayor, ex-diretor da Unesco.
"Um homem tranquilo e modesto até o exagero": é assim que o site dos jesuítas colombianos descreve Francisco De Roux, 69 anos, desde 2008 superior provincial dos jesuítas, mas durante muitos anos envolvido na linha de frente da defesa dos direitos humanos e da denúncia das injustiças cometidas em um país em guerra civil permanente.
Uma tranquilidade que esconde um caráter de ferro, se é verdade que o padre Pacho, como é chamado por todos, passou por ameaças, assassinatos de companheiros de caminho, pressões de todo tipo. Não por acaso, quando lhe comunicaram a entrega do prestigioso Prêmio Chirac, ele comentou: "Esse prêmio, assim como outros que eu recebi, é mérito de homens e mulheres que deram a vida pela paz na Colômbia e com quem eu tive o privilégio de caminhar. Se eu aceito recebê-lo, faço-o por eles, pertence à sua causa".
Ele entrou na Companhia de Jesus aos 16 anos. Depois dos estudos de teologia e filosofia, foi enviado pelos superiores a um bairro da periferia de Bogotá: "Na vida de miséria desse bairro – conta – entendi que, junto com a teologia, necessária para me tornar sacerdote, eu devia estudar economia. para lutar eficazmente contra a injustiça social. Na realidade, depois de sete anos de estudos, dei-me conta de que os problemas humanos são muito mais profundos e complexos do que a economia ensina".
Tendo entrado como pesquisador no Centro de Investigación y Educación Popular (Cinep), uma das instituições mais prestigiadas dos jesuítas colombianos, tornou-se seu diretor por 10 anos, período em que continuou vivendo em um bairro da periferia, o San Martín, habitado principalmente por operários.
Amado tanto pelos pobres quanto pelos intelectuais da capital, ele defendeu greves e protestos populares dos anos 1970 e 1980 para pedir mais equidade e direitos.
Em 1995, a reviravolta: transferiu-se para Magdalena Medio, zona rural em que tocou com a mão todas as feridas da infinita guerra civil colombiana: violências, desaparecimentos forçados, desespero. Durante 13 anos no trabalho ao lado de agricultores, mulheres e jovens, desenvolveu projetos que visavam a melhorar as condições da população e favorecer a paz.
Em 2008, foi nomeado superior provincial dos jesuítas, mas não deixou de trabalhar pela promoção da justiça e de buscar a paz. Apoiou decisivamente a negociação entre a delegação do governo colombiano e a das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para tentar pôr fim aos 48 anos de conflito, que começou em outubro passado na Noruega.
Inevitáveis, chegaram novos ataques. Poucos meses atrás, um conhecido jornalista colombiano o acusou de ser um "padre guerrilheiro", de organizar sequestros e de fazer acordos com os paramilitares. O padre De Roux respondeu à sua maneira: enviou um e-mail ao jornalista em que rejeitava as acusações e convidava o interlocutor a um encontro. "Assim – diz – vi-me dialogando tranquilamente com um dos meus mais duros detratores".
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Jesuíta colombiano recebe ''Nobel da Paz'' francês - Instituto Humanitas Unisinos - IHU