27 Outubro 2012
Eram sete horas da manhã quando o telefone tocou no Palácio da Alvorada pedindo para falar com a presidente Dilma Rousseff, com notícias que não poderiam ser dadas mais tarde. Do outro lado da linha estava o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, preocupado com o apagão de quatro horas em parte do Norte e Nordeste e aflito por repassar à presidente as informações em primeira mão e as providências já tomadas, como a convocação de uma reunião com todos os setores envolvidos no problema para descobrir a razão do apagão.
A reportagem é de Tânia Monteiro e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 27-10-2012.
Naquele momento, a luz já havia sido restabelecida nos Estados, mas a demora de quatro horas para resolver o problema era difícil de ser explicada. Dilma ficou "muito irritada" com o episódio, e passou o dia monitorando o assunto e recebendo relatos do ministro.
As primeiras informações além de serem escassas, já que o apagão ocorreu de madrugada, eram também contraditórias. Chegou-se a pensar que o problema tinha se iniciado na Chesf - empresa responsável pela transmissão de energia para oito dos nove Estados nordestinos -, o que se verificou, depois, não ser verdadeiro.
Tão logo soube que o problema, na verdade, foi gerado na subestação de Colinas (TO) da empresa Taesa, ligada à Cemig, a presidente determinou que um avião da Força Aérea Brasileira fosse mobilizado para levar 12 técnicos de alto nível de todas as áreas para o local, a fim de verificar "in loco" o que motivou a queda de energia em cadeia e a demora no restabelecimento da luz.
Pouco oportuno
O Planalto não gostou da abordagem de Zimmermann, sugerindo que poderia ter ocorrido uma sabotagem no sistema, comentário considerado "pouco oportuno" em véspera de eleição, quando o governo quer evitar, a todo custo, politização do tema. O Palácio realmente considera que "coisas esquisitas" andaram acontecendo, mas a avaliação é que, se existe alguma coisa, isso pode estar ligado a problemas com empregados por causa dos anúncios de demissões em todas as empresas do setor por causa da renovação das concessões.
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Dilma 'fica irritada' com apagão e com fala de ministro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU