Eleição opõe "burguesia" a "boliburguês" na Venezuela

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02 Outubro 2012

O clima de polarização da sociedade venezuelana, que fica muito mais evidente durante o período de eleições, também tem seus reflexos no meio empresarial. Os empresários do país, que vai às urnas no próximo domingo, também se dividem entre chavistas e anti-chavistas.

O ingresso do país no Mercosul - ratificado em meio à campanha do presidente Hugo Chávez à reeleição, contra o opositor Henrique Capriles - colocou ainda mais pimenta nesse tempero.

A reportagem é de Fabio Murakawa e publicada pelo jornal Valor, 02-10-2012.

De um lado, empresários alinhados ao chavismo, como Miguel Ángel Pérez, presidente da Fedeindustria (que reúne pequenas e médias empresas), dizem ver no Mercosul como uma oportunidade para a indústria venezuelana se desenvolver e produzir excedentes exportáveis. Ao lado de outros dois empresários, Pérez foi convidado a integrar a comissão presidencial criada por Chávez para discutir a entrada do país no bloco.

Os empresários chavistas são chamados pejorativamente pela oposição de "boliburgueses" - uma mistura de burguesia com bolivarianos. Os detratores afirmam que seu alinhamento ao presidente só ocorre por se beneficiarem de negócios com o governo de Chávez. Pérez, por exemplo, é acionista da Puerto Gas, empresa que envasa e distribui gás para a indústria e os consumidores domésticos. Seu principal fornecedor é a estatal de petróleo PDVSA.

No extremo oposto, dirigentes de entidades importantes, como a Fedecámaras, a Consecomercio e a Conindustria, alinhados à oposição, e para quem a indústria venezuelana não tem a menor condição de competir com as empresas dos novos parceiros. Para esses dirigentes, completamente alijados do debate sobre o tema, o objetivo de Chávez ao colocar o país no bloco - que formado também por Brasil, Argentina e Paraguai - "é político, não econômico".

Eles são frequentemente citados pelo presidente Chávez em seus discursos eleitorais, nos quais o mandatário adverte que a vitória de Capriles representaria a volta da "burguesia" ao poder.

As más relações do empresariado com o governo Chávez vêm do início do mandato do atual presidente, em 1999. Mas elas azedaram de vez com o golpe de Estado de abril de 2002, em que Chávez foi afastado da Presidência por dois dias. O envolvimento dos empresários no fracassado golpe foi tal que o então dirigente máximo da Fedecámaras, Pedro Carmona, chegou a tomar posse como presidente da República. A greve geral petroleira, que paralisaria o país meses depois, foi a gota d'água. "Desde então, não houve mais diálogo de nenhum tipo", afirma Jorge Botti, hoje presidente da Fedecámaras.

Ainda que mantenha as críticas ao "modelo estatista" do Socialismo do Século XXI implementado por Chávez, Botti admite que foi um erro estratégico Pedro Carmona (que hoje vive exilado na Colômbia) ter aceitado assumir o governo durante os eventos de 2002. "Esse não é o papel de uma entidade como a nossa", afirma.