O reverendo coreano que conquistou milhões de seguidores e tinha dezenas de milhões de dólares em investimentos em todo o mundo morreu ontem, aos 92 anos, próximo a Seul, em decorrência de uma pneumonia.

Polêmico e bem relacionado politicamente, Sun Myung Moon - ou apenas "reverendo Moon"- se autoproclamava o messias e dizia ter recebido, durante uma aparição de Jesus quando tinha 15 anos, a tarefa de completar a missão de Cristo na Terra.

Vinte anos depois e após o fim da Guerra da Coreia, em 1954, fundou a Igreja da Unificação, que estima-se ter hoje 3 milhões de fiéis em mais de 190 países.

A informação é publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 03-09-2012.

A seita ficou mundialmente conhecida por seus casamentos em massa, com milhares de noivos. Em março deste ano, o nonagenário realizou um casamento coletivo para 2.500 pessoas e, em julho, uma celebração religiosa para mais de 15 mil pessoas.

A morte, ocorrida ontem (madrugada de segunda na Coreia do Sul), foi confirmada pela seita em seu site.

Moon estava internado havia duas semanas com pneumonia em um hospital que pertencia à igreja perto de sua casa em Gapyeong, a nordeste de Seul. No momento de sua morte, estava acompanhado pela mulher, Han Hak-Ja, e por alguns de seus 11 filhos.

Segundo o site da seita, o filho caçula do reverendo, Hyung Jin Moon, já foi apontado como seu sucessor. O enterro será no próximo dia 15.

MILIONÁRIO

Tão ou mais ressaltados que sua atuação religiosa são os investimentos do reverendo pelo mundo. Moon criou um império empresarial e financeiro que inclui jornais - entre eles o conservador "The Washington Times" -, universidades e indústrias.

Pouco se sabe sobre o valor real de sua fortuna, mas a seita diz arrecadar, só em operações relativas à igreja, "dezenas de milhões de dólares" por ano.

No Brasil, a seita, por meio da Associação das Famílias para a Unificação e a Paz Mundial, possui fazendas no Mato Grosso do Sul. Em 2002, quando foi acusada pelo Ministério Público Federal de lavagem de dinheiro, a associação tinha 46 propriedades rurais registradas no Incra.

Em Jardim, no interior do Estado, a seita mantém o Centro Educacional New Hope, fundado pelo próprio Moon em 1989, para alunos do ensino infantil ao médio. Dos 175 alunos, um terço é membro da associação do reverendo.

A igreja também é dona do clube de futebol Atlético Sorocaba (SP).

Nos EUA, onde chegou a cumprir 13 de 18 meses de pena por sonegação fiscal nos anos 1980, Moon tinha ligações com os republicanos, em especial com a família Bush.

Neil Bush, filho de George Bush e irmão de George W. Bush, ambos ex-presidentes, chegou a acompanhar o reverendo em uma viagem de pregação pela Ásia em 2005.

Ontem, ele disse que Moon era um "homem cujo coração estava focado em reunir pessoas de diferentes credos".

Seguidores de Moon vão à Coreia para dar adeus a líder espiritual

Um grupo de cerca de dez membros da AFUPM (Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial em Mato Grosso do Sul) embarcou para a Coreia do Sul assim que soube da morte do fundador da Igreja da Unificação, Sun Myung Moon, na madrugada deste domingo (2).

A reportagem é de Daniel Carvalho e publicada pelo portal Uol, 02-09-2012.

Eles viajaram para participar da Sun Wha. Para os seguidores da igreja, a cerimônia marca a partida do mundo físico para o espiritual, segundo o administrador Marcos de Oliveira, 41, responsável pela associação em Anastácio (a 136 km de Campo Grande).

Oliveira explica que a morte é algo considerado natural pelos seguidores da Igreja da Unificação.

Marcos diz que entrou para a igreja há 18 anos, a partir do contato com um professor de inglês que seguia a religião, em Minas Gerais. Ele afirma que a AFUPM está presente em pelo menos 33 dos 78 municípios de Mato Grosso do Sul.

Segundo Oliveira, o trabalho da igreja é centrado na família e contempla trabalhos sociais.

FUTEBOL

O administrador disse que, em Campo Grande, a igreja mantém a equipe de futebol Cene (Clube Esportivo Nova Esperança), campeão estadual no ano passado.

No Campeonato Brasileiro, o "Furacão Amarelo", como o time é conhecido, tentava subir para a série C, mas não conseguiu.

Marcos afirmou que a AFUPM desenvolve trabalhos sociais no Estado, inclusive em aldeias indígenas, onde alguns jogadores são escolhidos para entrar no time de futebol