Por: André | 11 Julho 2012
Entre os dias 9 e 15 de julho se realiza em Nairóbi (Quênia) a 70ª Congregação de Procuradores da Companhia de Jesus. Nela, como é de preceito, se deliberará sobre a necessidade ou não de convocar uma Congregação Geral e se refletirá sobre os desafios atuais que os jesuítas enfrentam. Um desses desafios é a África, como ratificou a Ordem durante a sua última Congregação Geral, em 2008. Por este motivo, decidiu-se fazer o encontro no Quênia.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 08-07-2012. A tradução é do Cepat.
O Pe. Geral convoca a Congregação de Procuradores a cada quatro anos, a contar do fim da Congregação Geral. Participam fundamentalmente os assim chamados Procuradores, jesuítas eleitos por suas respectivas províncias, as unidades administrativas em que se organiza a Companhia em todo o mundo. Nesse sentido, os Procuradores constituem uma representação qualificada da base da Companhia, não tanto de seu governo.
A Congregação de Procuradores não possui poder legislativo. Seu objetivo mais importante é decidir se haverá necessidade de convocar uma Congregação Geral ou não. Outra função chave que os Procuradores desempenham é discutir sobre o estado geral da Companhia em sua dimensão mais universal. Esta discussão pode ser esclarecedora para determinar a necessidade ou não de realizar uma Congregação Geral.
A Congregação de Procuradores em Nairóbi reúne 97 jesuítas procedentes de toda a realidade internacional da Companhia: o Pe. Geral, o jesuíta espanhol Adolfo Nicolás; seus 12 Conselheiros Gerais; e 84 Procuradores provenientes dos cinco continentes – 7 da África, 14 da América Latina, 18 da Índia, 7 da Ásia oriental, 29 da Europa e 9 dos Estados Unidos. A representação espanhola, entre Procuradores e cargos da Cúria de Roma, é de 10 jesuítas.
Muitos dos Procuradores já se encontram em Nairobi fazendo os Exercícios Espirituais. O Pe. Geral chegou no dia 29 de junho com o Secretário da Companhia, o Pe. Ignacio Echarte, e iniciou as conversas com os Procuradores sobre o relatório que cada um havia preparado previamente sobre a sua respectiva província.
Os Procuradores de língua castelhana estão hospedados em Mwangaza (“iluminação”, em swahili), um sítio de propriedade da Companhia de Jesus, situado a 20 km de Nairóbi e cujo terreno fazia parte da famosa granja de Karen Blixen, a escritora de “Memórias da África”. A Congregação será realizada em “Chemi Chemi ya Uzima Centre”, pertencente à União de Religiosos/as do Quênia.
A província jesuíta anfitriã da Congregação de Procuradores é muito grande. É formada por 212 jesuítas distribuídos em seis países: Etiópia, Quênia, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Uganda. Seu trabalho se centra em paróquias, casas de retiro e exercícios espirituais, centros educativos, sociais e de comunicação.
História da Congregação de Procuradores
Santo Inácio de Loyola, tendo em conta o “duro trabalho” e a “muita distração” que isso poderia levar consigo, descartou que houvesse Congregações Gerais periodicamente. Mas aceitou que o Superior Geral devia comunicar-se com a Companhia. “Essas relações estabelecem-se por cartas, e pelas pessoas que devem vir das províncias, ao menos uma de cada, todos os três anos – e das Índias todos os quatro” (Constituições n. 679).
Foi a segunda Congregação Geral (1565), presidida por São Francisco de Borja, a que estabeleceu que a Congregação de Procuradores passasse a ser convocada a cada três anos. A primeira foi em 1568. A partir de então e até o começo do século XVIII, as Congregações Gerais e as Congregações de Procuradores aconteceram com regularidade, com exceção de algumas que tiveram que ser suspensas por causa de doenças ou epidemias (exemplo: a peste).
A Congregação Geral 34 (1995) decidiu que a Congregação de Procuradores deveria se reunir a cada quatro anos. A maioria das Congregações de Procuradores foi realizada em Roma, excetuando-se as de 1886 e 1889, que aconteceram em Florença, e a de 2003, em Loyola.
Apenas duas Congregações de Procuradores votaram pela convocação de Congregação Geral: a de 1606 e a de 1693. Como fruto da primeira se realizou a Congregação Geral VI (1608). A de 1693 decretou a convocação com a diferença de apenas um voto. Diante da dúvida, o recurso à Santa Sé resolveu negativamente sobre a validade do decreto, razão pela qual não se realizou a Congregação Geral. A partir de então se especificou que os votos positivos para convocar a Congregação Geral deveriam ser superiores a dois em relação aos negativos, caso o total de participantes for par, e em três votos se for ímpar.
A Congregação Geral 35 assinalou, em 2008, que era necessário um processo de discernimento apostólico mais amplo e profundo. Por esta razão, o Pe. Geral pediu em sua convocatória que a Congregação de Procuradores de Nairóbi dedique um tempo substancial à reflexão sobre o estado da Companhia, as oportunidades e necessidades que a Companhia encontra na atualidade, e como o governo da Ordem poderia enfrentar tudo isso.
Além disso, manifestou que esta reunião deve ser considerada “parte da nossa preparação para a comemoração, em 2014, do 200º aniversário da Restauração da Companhia de Jesus”.
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Começa a Congregação de Procuradores da Companhia de Jesus no Quênia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU