16 Mai 2012
Renomado cientista brasileiro (Rio de Janeiro, 1959), radicado nos Estados Unidos, o Prof. Dr. Marcelo Gleiser estará presente no XIII Simpósio Internacional IHU Igreja, Cultura e Sociedade: a semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica.
Gleiser falará a partir da temática das “novas gramáticas que emergem hoje das ciências” e participará do debate intitulado Fé e ciência: um diálogo possível? com o Prof. Dr. George Coyne (EUA), astrofísico do Observatório Astronômico do Vaticano, sediado nos EUA.
Formado em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Gleiser tem mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado no King’s College London, instituição ligada à Universidade de Londres. Desde 1991, atua como pesquisador e professor de Física e Astronomia na universidade estadunidense Dartmouth College (Nova Hampshire).
Tanto nos Estados Unidos como no Brasil, Gleiser, que é escritor e roteirista – além de professor e pesquisador –, notabilizou-se pelo seu trabalho de divulgação da ciência para o público em geral. Nesse sentido, destacam-se suas colunas no jornal Folha de S.Paulo e sua participação em documentários de televisão, como Poeira das Estrelas (2006) e Mundos Invisíveis (2008) apresentados no programa de televisão Fantástico. No canal Discovery Channel, em 2010, apresentou o documentário Como funciona o universo. Dentre seus livros destacam-se A dança do universo (1997) e O fim da Terra e do Céu (2001), pelos quais Gleiser recebeu dois prêmios Jabuti.
Em diversos trabalhos, ele aborda a questão da origem do Universo implicando tanto o ponto de vista científico como o religioso. Em sua primeira obra de envergadura publicada no Brasil, A dança do Universo (Companhia das Letras, 1997, p. 40), pergunta-se o autor: “será possível que uma pessoa possa questionar o mundo cientificamente e ainda assim ser religiosa?” E sua resposta: “acredito que a resposta é um óbvio sim, contanto que seja claro para essa pessoa que ambas não devem interferir entre si de modo errado, ou seja, que existem limites tanto para a ciência como para a religião”.
Para o físico brasileiro, tanto o dogmatismo científico quanto o religioso são inflexíveis e, por conseguinte, infrutíferos para um diálogo construtivo. Do mesmo modo, continua Gleiser, cientistas “não devem abusar da ciência, aplicando-a a situações claramente especulativas, e, apesar disso, sentirem-se justificados em declarar que resolveram ou que podem resolver questões de natureza teológica”. Por outro lado, teólogos “não devem tentar interpretar textos sagrados cientificamente, porque estes não foram escritos com esse objetivo”.
Para o autor de A dança do universo, o que é realmente fascinante é que “tanto a ciência como a religião expressam nossa reverência e fascínio pela Natureza. Sua complementaridade se manifesta na motivação essencialmente religiosa dos maiores cientistas de todos os tempos”.
Em sua maneira de relacionar ciência e religião, presente em A dança do universo e que se mantém como uma tônica nas demais obras, Gleiser apresenta uma perspectiva de espiritualidade que se faz presente na beleza do Universo. E essa dimensão espiritual, segundo o autor, foi revelada pela ciência, que nos ensina que somos feitos de poeira das estrelas e que estamos no cosmo e o cosmo está em nós. Por conseguinte, a “compreensão dos fenômenos naturais, dos mais simples aos mais profundos, deveria apenas fortalecer nossa espiritualidade. A racionalidade e a espiritualidade são aspectos complementares” [Ciência, fé e as três origens].
A nota é de Luis Carlos Dalla Rosa, doutor em Teologia.
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As novas gramáticas tecnocientificas e a semântica do Místério em debate - Instituto Humanitas Unisinos - IHU