Por: André | 15 Março 2012
A classe política reagiu à informação publicada no Página/12 de acordo com os correios eletrônicos filtrados pelo Wikileaks da agência de espionagem norte-americana. Neles se especulava sobre a intervenção de Brasília a favor dos “brasiguaios”.
A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 13-03-2012. A tradução é do Cepat.
O governo paraguaio chamou de desmesurados os supostos planos de intervenção militar brasileiros no país para defender colonos dessa origem e a seus descendentes, chamados de “brasiguaios” e assediados por grupos de sem terras, segundo informações reveladas pelo Wikileaks no Página/12. “É um exagero, creio que há várias falácias na sustentação da informação”, expressou nesta segunda-feira o chefe do Gabinete Civil da Presidência, Miguel López Perito. O funcionário, considerado um dos homens fortes do governo de Fernando Lugo, falou depois de uma reunião do Conselho de Ministros, presidida pelo presidente paraguaio. López Perito respondeu à imprensa sobre a informação divulgada pela companhia privada estadunidense Stratfor, especializada em serviços de inteligência e espionagem.
Segundo os correios eletrônicos aos quais o Wikileaks teve acesso, a Stratfor teria espionado para o Ministério de Defesa de Dilma Rousseff e uma fonte militar teria confiado à citada agência que não estava descartada a opção militar no Paraguai, “caso as coisas piorassem”. O conflito dos “brasiguaios” (colonos brasileiros e seus descendentes) se deve especialmente aos sem terras autodenominados de “carperos”, uma organização recente à qual se atribui uma afinidade com o governo de Lugo. Este relacionamento surge a partir do apoio direto que os “carperos” recebem de alguns membros da esquerda governante, especialmente do governador do departamento (Estado) de San Pedro, José Ledezma, próximo ao presidente.
López Perito minimizou a importância do relatório da Stratfor e afirmou que se baseou em “publicações amarelistas” de meios de comunicação brasileiros e não em tarefas de Inteligência, já que na sua opinião o relatório demonstra “pouca inteligência”. O senador Miguel Saguier, presidente da Comissão de Defesa Nacional e Força Pública do Senado, opinou na mesma linha que o chefe de Gabinete paraguaio, ao desestimar uma intervenção militar brasileira. “É um exagero, e não creio que o governo brasileiro siga adiante com uma decisão tão descabida”, disse o senador. Recordou, por sua vez, que os dois países integram atualmente organismos multilaterais, razão pela qual expressou seu ceticismo acerca de que o Brasil adote uma repentina ação unilateral. Estima-se que morem cerca de 300.000 “brasiguaios” no Paraguai, muitos deles já nascidos neste país e outros que se nacionalizaram.
Neste último grupo estaria o megaprodutor Tranquilo Favero, conhecido como o “rei da soja”, proprietário de numerosas empresas e a quem algumas fontes atribuem ser proprietário de cerca de um milhão de hectares de terras, acusação que ele nega. A imprensa paraguaia referiu-se nesta segunda-feira à “questão paraguaia”. “As versões sobre a possibilidade de uma incursão militar do Brasil no Paraguai surgiram com uma publicação do jornal argentino Página/12. Uma fonte militar brasileira foi quem confirmou à agência Strategic Forecasting (Stratfor), uma companhia privada especializada em serviços de inteligência e espionagem, que o Brasil estaria pronto para intervir militarmente, caso as coisas piorassem”, publicou o jornal paraguaio ABC. No entanto, o sítio de notícias Portal Paraguayo afirmou na sua página: “A imprensa escrita do Paraguai ecoou nesta segunda-feira a informação publicada no jornal argentino Página/12, em base a correios eletrônicos da Agência Global de Inteligência Stratfor, dos Estados Unidos, e filtrados pelo Wikileaks.
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Paraguai minimizou Stratfor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU