20 Fevereiro 2012
O conflito de terras no Paraguai envolve muito mais do que a disputa entre os carperos, como são conhecidos os sem-terra que acampam nas "carpas" (tendas), e os fazendeiros brasileiros.
A reportagem é de Isabel Fleck e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 20-02-2012.
Do lado dos sem-terra, o único ponto de união é a defesa da reforma agrária.
"Suspeitamos que em Ñacunday [município onde há um dos maiores acampamentos] haja um grupo dirigente em confabulação com políticos, promovendo ações de violência como uma maneira de chantagear os produtores e conseguir dinheiro", disse Luís Aguayo, líder da Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Campesinas.
O líder dos carperos, Victoriano López, por sua vez, não quer "nem ouvir" o nome de Aguayo. "Esse senhor é um vendido", responde. E nega que o grupo de acampados próximo à propriedade do agricultor brasileiro Tranquilo Favero, maior produtor individual de soja do Paraguai, tenha agido com violência.
"Pergunte se algum desses quase 350 mil brasileiros que ocuparam as terras públicas paraguaias foi ferido. São os brasileiros que andam armados. Nós estamos armados com o legítimo direito de pedir que respeitem a propriedade do Estado."
Os dois aproximam o discurso quando falam de terras públicas que teriam sido tomadas por brasileiros. "Não importa se são brasileiros ou paraguaios. Defendemos que saiam se estiverem em terra pública", diz Aguayo.
Os carperos reivindicam 260 mil hectares de terras ocupadas por brasileiros.
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Sem-terra do Paraguai divergem sobre ação contra brasileiros - Instituto Humanitas Unisinos - IHU