25 Fevereiro 2012
Ocorreram anomalias nos instrumentos, mas os físicos não se rendem: "O fim ainda não chegou".
A reportagem é de Elena Dusi, publicada no jornal La Repubblica, 23-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Seis meses de pesquisas contínuas. E, no fim, o erro surgiu nos instrumentos que, em setembro, observaram que os neutrinos eram mais velozes que a luz. Os problemas do Opera – o sofisticado experimento dos laboratórios de Gran Sasso – seriam, na realidade, dois. O paradoxo é que eles produzem efeitos contrastantes: um tornaria a velocidade dos neutrinos ainda mais alta, enquanto o segundo os desacelera.
No revelador construído para perseguir as partículas evasivas, um conector de fibra ótica que transmite o sinal de GPS a um computador não estava aparafusado perfeitamente. E, em vez de simplesmente impedir a passagem do impulso, ele alterava o tempo de travessia, dando a impressão de um aumento de velocidade dos neutrinos. Um segundo problema identificado pelos cientistas do Opera refere-se à sincronização do relógio do GPS dos laboratórios de Gran Sasso com o do próprio revelador.
Não está claro quanto as duas interferências combinadas afetam o resultado que, com grande entusiasmo, foi anunciado, em setembro, no auditório do Cern Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear] de Genebra. Na Suíça, de fato, foi disparado o feixe de neutrinos dirigidos para Gran Sasso. O Opera, capturando-os, se ocupa de estudar a sua natureza, mas casualmente descobriu que o tempo que essas partículas precisavam para percorrer os 730 quilômetros de distância era de 60 nanossegundos inferior ao tempo que a luz levaria. Foi atribuída aos neutrinos a capacidade de romper uma velocidade que a teoria da relatividade especial de Einstein considerava como insuperável.
Ninguém jamais havia excluído que um erro poderia estar escondido nas dobras do experimento. A caça havia começado imediatamente, junto com as apostas dos físicos de todo o mundo e as especulações dos teóricos para tentar explicar um resultado tão extraordinário. O responsável pelo Opera, Antonio Ereditato, logo havia anunciado: "Continuaremos controlando cada detalhe da nossa medição. E convidamos os outros laboratórios do mundo que se ocupam dos neutrinos a repetir o teste".
Tanto o experimento norte-americano Minos, quanto o japonês Super-Kamiokande estavam se preparando para medir a velocidade das suas partículas de uma forma semelhante à que foi feita pelo Opera. "E os seus dados continuam sendo necessários, porque ainda não está claro o efeito global dos problemas encontrados em Gran Sasso", explica Sergio Bertolucci, diretor de pesquisa do Cern.
Para Fernando Ferroni, presidente do Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália, que gere os laboratórios no coração das montanhas de Abruzzo, será oportuno agora "comparar as medições do Opera com as dos outros instrumentos de Gran Sasso, para entender quão grande é a margem de erro provocado pelo defeito".
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''Não é verdade que os neutrinos são mais rápidos do que a luz'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU