15 Fevereiro 2012
A uma rádio italiana, o ex-bispo de Ivrea fornece a sua interpretação sobre as supostas manobras de atentado contra Ratzinger, publicada nos jornais. "Ele está cansado. Poderia ser uma manobra midiática para preparar a renúncia". O padre Lombardi, porta-voz da Santa Sé, afirma: "O complô é uma história para não ser levada absolutamente a sério".
A reportagem é do jornal La Repubblica, 13-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Papa Ratzinger pensa na renúncia. Essa é a opinião de Dom Luigi Bettazzi, bispo emérito de Ivrea, dada no programa Un Giorno da Pecora, da Radio2.
O bispo não acredita que exista um complô para matar o Papa Ratzinger, como especulado pela imprensa. "Não, não acredito. Se fosse o papa anterior, eu entenderia, mas este papa aqui me parece muito manso, religioso. Não poderia encontrar os motivos para atacá-lo".
Bettazzi, porém, tem outra teoria, de algum modo relacionada com a notícia. "Acho que é um sistema para preparar a eventualidade da renúncia. Para preparar esse choque – porque a renúncia de um papa seria um choque – começam a jogar ali a coisa do complô".
Mas Ratzinger realmente tem a intenção de renunciar? "Eu acredito que sim", disse o purpurado, "embora tenham negado. Um velho cardeal, porém, sempre me dizia: se o Vaticano desmente, quer dizer que é verdade...". E os motivos da renúncia do papa poderiam ser encontrados no cansaço. "Penso que ele se sente muito cansado. Basta vê-lo. É um habituado aos estudos", explica Bettazzi. "E diante dos problemas que existem, talvez também diante das tensões que existem dentro da Cúria, ele poderia pensar que o novo papa se ocuparia com essas coisas", disse Dom Bettazzi.
Sobre a questão do suposto complô contra o papa, pronunciou-se o porta-voz do Vaticano, o Pe. Lombardi: "É uma história que não merece ser levada a sério", explicou. Uma longa resposta aos rumores que envolveram o Vaticano a golpes de documentos confidenciais que acabaram nos jornais. "Uma informação séria – afirma o Pe. Lombardi no comunicado divulgado pela Rádio do Vaticano – deveria saber distinguir as questões e entender o seu significado diferente. É óbvio que as atividades econômicas do Governatorato devem ser geridas sabiamente e com rigor; é claro que o IOR e as atividades financeiras devem se inserir corretamente nas normas internacionais contra a lavagem de dinheiro".
"Estas – explica – são evidentemente as indicações do papa. Entretanto, é evidente que a história do complô contra o papa, como disse desde o início, é uma divagação, uma loucura e não merece ser levada a sério". "Hoje – revela ainda o jesuíta – é preciso manter todos os nervos firmes, porque ninguém pode se surpreender com nada. O governo norte-americano teve o Wikileaks, o Vaticano tem agora os seus leaks, os seus vazamentos de documentos que tendem a criar confusão e perplexidade e a facilitar que se jogue uma má luz sobre o Vaticano, sobre o governo da Igreja e, mais amplamente, sobre a própria Igreja".
"Portanto, calma e sangue frio – afirma-se ainda na nota – e muito uso da razão, o que nem todos os meios de comunicação tendem a fazer. Trata-se de documentos de natureza e de peso diferentes, nascidos em tempos e em situações diferentes: uma coisa são as discussões sobre uma melhor gestão econômica de uma instituição com muitas atividades materiais como o Governatorato; outra coisa são as notas sobre questões jurídicas e normativas em discussão e sobre as quais é normal que existam opiniões diversas; outra coisa ainda são os memorandos divagantes que nenhuma pessoa com a cabeça sobre o pescoço considerou como sérios, como o recente sobre o complô contra a vida do papa. De fato, juntar tudo isso ajuda a criar confusão".
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''O papa pensa em renunciar'', afirma bispo italiano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU