20 Dezembro 2011
Responsável por fornecer água para mais de 1,2 milhão de pessoas, o Rio Gravataí está pedindo socorro. A estiagem dos últimos dias, que tornou mais baixo o volume da água, deixou visível o acúmulo de sujeira. O local mais parece um grande lixão aquático, onde se deposita toda espécie de detritos.
A reportagem é de Denise Waskow e publicada pelo jornal Zero Hora, 20-12-2011.
A convite de um morador da Vila Olaria, em Cachoeirinha, o Diário Gaúcho percorreu o curso d’água em uma canoa até o Arroio Passo do Feijó, em Alvorada. O presidente da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Gravataí, Sérgio Sampaio, faz um alerta:
– Segundo informações que se tem, naquela região ali, o rio só não é mais sujo que o Tietê (em São Paulo).
Durante o trajeto, foram encontrados brinquedos, capacetes, calçados, TVs e animais mortos, além de um grande número de garrafas plásticas e outras embalagens. Depois, a reportagem foi por terra até o Arroio Barnabé, em Gravataí, que também desemboca no rio e leva consigo móveis, lixo doméstico e mais um tanto de sujeira.
A chuva dos últimos dias amenizou um pouco o drama da estiagem, mas a preocupação com o consumo consciente continua. E Sérgio pede a colaboração da população.
– A economia de água é nossa principal preocupação, porque o verão está recém começando. Pedimos que todos nos ajudem – apela.
Ações tentam reverter situação
O açougueiro Tiago Córdoba, 26 anos, que mora na Vila Olaria desde criança, lembra que vinha passear com a família e tomar banho nas águas hoje sujas:
– Era bem mais limpo. Agora, os valos trazem muita sujeira.
Ele conta que, na época das cheias, ainda é possível pescar, e mostrou até as fotos das carpas de quase 20 quilos que fisgou no rio. Pai de dois filhos, ele não esconde a tristeza ao pensar que os pequenos não podem ver o rio em toda a sua beleza de antigamente.
– Se não fizerem alguma coisa, daqui a pouco tranca a água de tanto lixo – lamenta.
O Projeto Aguapé, desenvolvido pelos clubes de Rotary, em parceria com várias entidades, entre elas as prefeituras de Cachoeirinha, Gravataí e Alvorada, desenvolve uma série de ações em prol do Rio Gravataí desde 2008. O coordenador Silvio José Fonseca Ourique explica que são quatro módulos de atuação: plantio de mata ciliar, em que já foram plantadas 32 mil mudas, mutirões de limpeza, que pretendem retirar 70 toneladas de lixo do rio até março, conscientização ambiental em cerca de 200 escolas e doação de equipamentos para o Batalhão Ambiental, como barco, motos e coletes salva-vidas.
A Corsan também está investindo em obras de saneamento básico na Bacia Hidrográfica do Gravataí, aplicando mais de R$ 300 milhões na Região Metropolitana para auxiliar na reabilitação do curso d’água. A Fundação Municipal do Meio Ambiente de Gravataí também planeja incrementar ações educativas a partir do ano que vem, com passeios de estudantes pelo rio.
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O rio Gravataí, no RS, pede socorro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU