24 Novembro 2011
O papa Bento XVI aceitou ontem a renúncia, por limite de idade (75 anos), do bispo de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, que se projetou na campanha presidencial do ano passado ao pregar o voto contra a atual presidente Dilma Rousseff e todos os candidatos do PT.
A reportagem é de José Maria Mayrink e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 24-11-2011.
D. Bergonzini alegava que Dilma Rousseff era contra a vida humana porque defendia o aborto, posição que, segundo ele, fazia parte também do programa do PT. O Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), divulgado em 2010 pela Secretaria de Direitos Humanos vinculada à Presidência da República, apoiou a descriminalização do aborto, o que deu origem à polêmica na campanha eleitoral.
A ofensiva católica e evangélica contra Dilma na campanha presidencial obrigou o PT a formular a `Carta Aberta ao Povo de Deus`, em que a então candidata dizia que "cabe ao Congresso Nacional a função básica de encontrar o ponto de equilíbrio nas posições que envolvam valores éticos e fundamentais, muitas vezes contraditórios, como aborto, formação familiar, uniões estáveis e outros temas relevantes, tanto para as minorias como para toda sociedade brasileira".
A pregação do bispo de Guarulhos contra a petista alcançou repercussão nacional e internacional, e levou à criação de um movimento pró-vida em vários Estados brasileiros. O PT chegou a temer pelo resultado eleitoral com a invasão do debate religioso na campanha.
"Meu trabalho começou em Guarulhos, ganhou espaço e chegou a muitos países da Europa, como Itália e Portugal, e também aos Estados Unidos", declarou o bispo, ao agradecer, há 20 dias, o Prêmio Cardeal Von Galen, dado pela Human Life International, durante o 2.º Congresso Internacional pela Verdade e pela Vida, em São Paulo.
"Sou agradecido por essa homenagem e por perceber que o trabalho que a gente fez não foi em vão", afirmou d. Bergonzini.
O novo bispo de Guarulhos será d. Joaquim Justino Carreira, de 61 anos, até agora auxiliar do cardeal d. Odilo Scherer, na Arquidiocese de São Paulo.
Natural de Santa Catarina da Serra, na região de Leiria, em Portugal, trabalhava em Jundiaí, quando foi ordenado bispo em maio de 2005. Na capital, era vigário episcopal para a região de Santana e responsável pela pastoral familiar.
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Bispo algoz de Dilma na eleição se aposenta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU