29 Setembro 2011
A Confederação de Estudantes do Chile (Confech) continuará mobilizada reivindicando educação gratuita. Pesquisa revela que a educação é o principal problema dos chilenos, ao mesmo tempo em que a aprovação à gestão de Piñera cai para 22%.
A reportagem é de Christian Palma e publicado pelo Página/12, 28-09-2011.
As 36 federações de estudantes reunidas na Confederação de Estudantes do Chile (Confech) chegaram cedo a uma das sedes da Universidade Católica para debater se aceitavam ou não retomar o diálogo com o governo e votar um possível retorno às aulas para não perder as bolsas e os créditos após quatro meses de mobilização.
A imprensa não teve acesso à reunião, mas informações indicavam que a decisão não seria fácil em função das divergências de posições na direção universitária encabeçada pela representante estudantil da Universidade do Chile, Camila Vallejo, o "dono da casa" Giorgio Jackson e outros líderes mais radicais que participavam da reunião.
Em meio à reunião se conheceu a última pesquisa do Centro de Estudos da Realidade Contemporanea (CERC) que se revelou favorável aos estudantes na contenda com o governo, uma vez que a aprovação do presidente Sebastián Piñera caiu para 22% (13 pontos a menos em relação a maio), ao mesmo tempo em que o nível de rejeição subiu de 53% para 66% no período do conflito estudantil. A pesquisa revelou ainda que em todos os estratos sociais, a educação é o principal problema do país. 89% apóiam as demandas estudantis e 71% é a favor de um plebiscito para solucionar o problema. Junto a isso, a pequisa mostrou que para 37% dos consultados, o governo não está interessado em resolver o problema e que apenas está interessado em "ganhar a batalha" contra os estudantes.
Com esses números em mãos, mais a gigantesca marcha da semana passada – uma vez encerrada a modorra das festas da semana da pátria e o impacto da tragédia aérea em Juan Fernández – e o "incêndio" provocado pelo prefeito de Providencia, o coronel do Exército (na reserva) Cristian Labbé que ordenou o fechamento de colégios e a recusa de matrícula para alunos distantes de sua jurisdição, colocando em xeque as negociações levadas à frente pelo ministro da Educação Felipe Bulnes, devolveram aos estudantes a ofensiva obrigando o Executivo flexibilizar suas posições.
No sábado passado, Bulnes enviou um e-mail a Coquimbo, cidade próximo do norte chileno onde acontecia uma reunião similar a de ontem na qual ofereceu flexibilizar a data limite para encerrar o semetre (07 de outubro). O correio foi bem recebido, mas não deixou satisfeitos todos os dirigentes que exigem a retirada das iniciativas parlamentares.
Depois de horas de discussão, os rumores que escapavam da reunião davam conta de "fumaça branca" devido ao fato de que Confech decidiria pela retomada de diálogo com La Moneda, sempre e quando se incluissem suas propostas na discussão do orçamento da nação para o próximo ano.
Às 21 horas, depois de onze de trabalho, a notícia foi confirmada. Giorgio Jackson disse que se sentarão à mesa, mas não paralizarão as mobilizações até que haja avanços concretos. "Não nos iludimos" disse, e insistiu no fim do lucro na educação e na saída dos bancos no fornecimento de créditos universitários entre outros temas.
"Não abandonaremos quem quiser continuar mobilizado e não permitiremos que percam seus direitos. Convocamos os estudantes para que se somem à mobilização nacional da próxima quinta na luta por uma educação de qualidade e multicultural", acrescentou Camila Vallejo.
Nesse cenário, as conversações indicam para o aumento de recursos para as universidades tradicionais e a criação de um fundo de revitalização das mesmas. Entretanto, os "pinguins" reunidos em coordenações e assembleias de estudantes secundaristas também manifestaram sua disposição de iniciar o diálogo como destacou ao Página/12, o porta-voz Freddy Fuentes. Pela manhã convocou-se uma nova marcha pela educação, cujo epicentro se dará nas cidades de Valparaíso e Concepción.
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Chile. Diálogo com mobilização - Instituto Humanitas Unisinos - IHU