A presidente
Dilma Rousseff disse acreditar que o Brasil tem mais possibilidades de enfrentar uma crise econômica global agora do que tinha em 2008. Segundo ela, a força do mercado interno brasileiro virou "objeto de cobiça" internacional.
Dilma fez a afirmação em rápida passagem por Salvador, na tarde de ontem,
"Hoje o Brasil está mais forte do que estava em 2008, quando a gente já tinha condições de enfrentar a crise", afirmou. "Dois números deixam isso muito claro. Temos 60% mais reservas internacionais que em 2008, mais de US$ 348 bilhões, para segurar qualquer processo de saída ou entrada de capitais, e temos, também, mais reservas, chamadas compulsório, para fornecer dinheiro caso se feche o crédito internacional: eram em torno de R$ 220 bilhões em 2008 e hoje são de R$ 420 bilhões. O Brasil não tem nenhuma fraqueza."
A reportagem é de
Tiago Décimo e publicada pelo jornal
O Estado de S.Paulo, 06-08-2011.
Para
Dilma, a boa situação econômica brasileira faz com que sejam necessárias medidas de proteção para a indústria nacional. "Não vamos deixar que, por causa da crise internacional, eles (indústrias estrangeiras) venham aqui, diminuindo o valor de seus produtos, e façam uma destruição dos nossos empregos."
Segundo a presidente, a indústria nacional é patrimônio do País - ela usou o slogan de seu governo, "País rico é país sem pobreza", para dizer que "País rico é também país com indústria".
"Temos uma indústria com empresas competitivas, e nós não vamos deixar que eles acabem com o trabalho mais qualificado no País, infiltrando toda sorte de produtos importados", argumentou. "Nós não somos contra os produtos importados, somos contra produtos com preço manipulado, ou com preço de referência incorreto, ou fruto de concorrência desleal, ou fraudulentos, que entram no Brasil sem pagar a totalidade dos tributos que devem."
Dilma esteve em Salvador para o lançamento do Programa Estadual de Inclusão Socioprodutiva do Governo da Bahia (
Programa Vida Melhor), um conjunto de ações que tem como objetivo tirar 400 mil famílias da pobreza no Estado até 2015. Estão previstos investimentos de R$ 1,2 bilhão em ações, para beneficiar 280 mil famílias de zonas rurais e 120 mil das cidades.
Desafios
Em palestra no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Luciano Coutinho, destacou que embora a economia brasileira tenha boa perspectiva de crescimento, há desafios para a continuidade da expansão no longo prazo.
Um deles é o avanço da competitividade da indústria, que sofre acirrada concorrência internacional. Segundo ele, há sinais de que várias cadeias produtivas estão sendo ameaçadas por competidores estrangeiros. Contudo, ele garantiu que tais desafios podem ser superados.
Coutinho disse que a crise internacional está levando a economia global a um "momento quase crítico". Segundo ele, o sistema bancário europeu está parado e a liquidez está concentrada basicamente nos bancos centrais. O presidente do BNDES acrescentou que esse fenômeno, que torna a crise mais aguda, está contaminando o sistema interbancário dos EUA. "Estamos à beira do duplo mergulho da economia mundial e da paralisia do crédito do sistema financeiro internacional", comentou.
Coutinho destacou que a situação na Europa é muito grave e uma "ruptura da economia da Itália seria algo muito drástico, impensável". Ele ressaltou, no entanto, que o cenário de agravamento da crise europeia seria tão ruim que é mais razoável avaliar que as autoridades da zona do euro vão encontrar soluções para os problemas no curto prazo.
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"Brasil está mais preparado que em 2008", diz Dilma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU