27 Julho 2011
O Serviço Jesuíta aos Refugiados (SJR) disse em um comunicado que, "se não se agir imediatamente, a fome generalizada irá se estender para o sul da Somália" e afirmou que "se calcula que cerca de 11 milhões de pessoas foram afetadas pela pior seca em mais de 50 anos" na região do Chifre da África.
A reportagem é do sítio Religión Digital, 26-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Organização das Nações Unidas declarou pela primeira vez em sua história a situação de fome generalizada na Somália, e nesta segunda-feira o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, assegurou que a situação na região é "traumática".
Por outro lado, os jesuítas declararam que, no último dia 20 de julho, "mais de 120 mil somalis" fugiram para os campos de refugiados situados no Quênia e na Etiópia e lembraram que, "neste mês, pelo menos 3 mil somalis chegaram cada dia a ambos os países".
O SJR lembrou que "existem atualmente mais de 750 mil refugiados somalis no leste da África, a maioria no Quênia e na Etiópia", e destacou que, "a menos que a comunidade internacional possa prestar ajuda no interior da Somália", a população continuará fugindo "aos países vizinhos".
Assim, a organização fez um chamado à comunidade internacional para que contribuam com recursos para a população somali que se encontra nos campos da Etiópia e do Quênia, e assegurou em um comunicado que a Somália está sofrendo "uma das piores crises humanitárias dos últimos tempos".
O diretor do SJR para a África Oriental, padre Frido Pflueger, disse que "os serviços psicossociais e educacionais são chave para ajudar a dar estabilidade às vida dos refugiados" e anunciou seus planos "para incrementar seu trabalho em favor dos somalis nos campos da Etiópia e do Quênia, e para abrir novos serviços na Somália".
Nesse sentido, o padre Pflueger afirmou que sua organização irá começar a oferecer serviços educacionais no acampamento etíope de Dollo Ado e salientou que estão "buscando recursos para essa nova intervenção", porque "o número de beneficiários irá disparar". Segundo o padre Pflueger, essa iniciativa "é um compromisso de longo prazo".
Três causas
Os jesuítas lembraram no comunicado que "a atual crise" sofrida pelo Chifre da África é a consequência de "três problemas interligados que se solaparam", como "a seca por causa do clima extremo, a falta de um governo central que funcione e a incapacidade das agências de ajuda de entrar no centro e no sul da Somália".
Os jesuítas também lembraram que a zona sul do país "está controlada pelas milícias do Al-Shabab", que impedem a chegada da ajuda humanitária internacional à população civil, conforme denunciado pela Secretaria de Estado espanhola para a Cooperação, Soraya Rodríguez, em uma entrevista concedida à Europa Press. "Isso, somado ao aumento do preço dos alimentos em toda a região, está afetando as populações já vulneráveis com perdas devastadoras", lamentou o SJR.
No entanto, os países da região estão aplicando medidas para enfrentar essa situação e, como confirmado pelos jesuítas, "o Quênia anunciou a ampliação de um dos três campos de Dadaab para os novos refugiados", enquanto que a Etiópia ampliou o acampamento de Dollo Ado no sudeste do país.
Conforme anunciado pela organização religiosa, as equipes do SJR em Nairóbi responderam às necessidades de 12.500 requerentes de asilo e refugiados em situação de vulnerabilidade, e ofereceram apoios educativos, recursos alimentares e não alimentares, assim como assistência médica e psicossocial aos refugiados .
Além disso, seus projetos atenderam mais de 100 mil somalis no Quênia, principalmente para "mães solteiras em dificuldades" e "traumatizadas pelo conflito ou pela violência de gênero" que precisam de uma atenção "psicossocial intensiva e apoio educativo".
Soma-se a isso a assistência a cerca de 4 mil refugiados no campo da Etiópia de Adis Abeba, onde o SJR oferece "serviços de apoio educativo, recreativo, formativo e psicossocial, assim como ajuda de emergência".
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Jesuítas alertam que fome generalizada pode se estender para o sul da Somália - Instituto Humanitas Unisinos - IHU