22 Janeiro 2011
O retorno ao Haiti do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide seria um "motivo de preocupação" para o Brasil, que detém o comando militar da missão da ONU no país.
"A vinda dele causaria mais agitação, seja no político, seja nas ruas. O retorno seria um motivo de preocupação", disse o embaixador brasileiro no Haiti, Igor Kipman.
A reportagem é de Flávia Marreiro e Luis Kawaguti e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 21-01-2011.
Aristide, 59, está no exílio na África do Sul desde 2004, quando uma milícia rebelde tomou o norte do país e marchou em direção à capital.
O ex-presidente alega que na ocasião foi levado do Haiti por tropas americanas e obrigado a assinar sua renúncia.
Em carta divulgada anteontem, Aristide pediu a renovação de seu passaporte - que estaria sendo negada pelo governo haitiano.
A carta surgiu dias após a volta inesperada ao Haiti do ex-ditador Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc", em meio à crise política pela indefinição das eleições presidenciais.
Os apoiadores de Aristide estão nos bairros pobres da capital, onde em cada esquina há fotos suas ou seu apelido "Titide" escrito em muros.
Já seu partido político, o Família Lavalas, está dividido; parte de seus integrantes se alinharam com o governo.
WIKILEAKS
Em 2005, o governo Lula elaborou um plano para trazer Aristide de volta ao cenário político do Haiti, mas foi dissuadido pela elite haitiana e pela ONU.
Parte dessa ação está relatada em relatórios diplomáticos secretos dos EUA vazados pelo WikiLeaks.
Pelo plano, Frei Betto, então assessor especial de Lula, seria enviado à África do Sul para encontrar Aristide.
Porém, antes disso, o também assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, viajou ao Haiti para fazer contatos informais.
Segundo os textos, Garcia acreditava que "Aristide era uma realidade política que deveria ser considerada nos diálogos políticos".
A visita de Garcia provocou manifestações violentas em Porto Príncipe.
Após se reunir com o governo, com a elite haitiana e com funcionários da ONU, ele saiu do Haiti descrevendo Aristide como "um gângster" que "ordena assassinatos por telefone celular" e que deveria ser julgado.
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Brasil se diz preocupado com retorno de Aristide - Instituto Humanitas Unisinos - IHU