Ultrapassar pontos de não retorno aumentaria impactos econômicos da mudança climática

Cartaz com a seguinte descrição (em inglês): "Não se faz negócios em um planeta morto" (Foto: Unsplash)

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18 Agosto 2021

 

O risco de ultrapassagem de pontos de não retorno no sistema climático – os chamados tipping points – poderia aumentar em cerca de 25% o custo econômico dos danos causados pela mudança climática em comparação com projeções anteriores.

A estimativa reflete o cenário principal de um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

A reportagem é publicada por Instituto ClimaInfo, e reproduzida por EcoDebate, 17-08-2021.

Pontos de não retorno ocorrem quando o aquecimento global empurra as temperaturas para além de um limite crítico, levando a impactos acelerados e irreversíveis. Entre os pontos de ruptura mais investigados pelos cientistas está o tipping point da Amazônia, que pode ser atingido se a floresta perder mais de 25% de sua área de ocorrência. A concretização desta hipótese secaria o bioma e o transformaria em uma bomba de emissão de carbono, além de alterar o regime de chuvas na América do Sul.

O trabalho publicado hoje foi realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Nova York, da Universidade de Delaware e da London School of Economics and Political Science. Os autores – Simon Dietz, James Rising, Thomas Stoerk e Gernot Wagner – destacam que o cenário principal do estudo pode ser muito conservador, e que os custos dessas rupturas podem ser significativamente maiores: há uma chance de 10% de os pontos de não retorno pelo menos dobrarem os custos dos impactos da mudança climática, e uma chance de 5% de que eles tripliquem.

“Os cientistas climáticos há muito tempo enfatizam a importância dos pontos de ruptura do clima, como o degelo permafrost, a desintegração da camada de gelo e as mudanças na circulação atmosférica. No entanto, exceto por alguns poucos estudos fragmentados, a economia climática ignorou esses dados ou os representou de forma altamente estilizada”, afirma Simon Dietz, autor principal do artigo e professor da London School of Economics and Political Science. “Fornecemos estimativas unificadas dos impactos econômicos de todos os oito pontos de ruptura climática cobertos pela literatura econômica até o momento.”

As perdas econômicas indicadas no estudo ocorreriam em quase todos os lugares do mundo, e as estimativas incluem danos climáticos pela elevação do nível do mar em 180 países. Os autores acreditam que o modelo pode ser atualizado à medida que mais informações sobre os pontos de ruptura forem descobertas.

 

Os oito pontos de ruptura considerados no estudo são:

• Ponto de não retorno da floresta tropical amazônica (também chamado de dieback ou tipping point) liberando CO2, que flui de volta ao ciclo do dióxido de carbono;

• Colapso da circulação meridional de capotamento do Atlântico (AMOC), interferindo em uma série de sistemas climáticos e na regulação da temperatura do planeta;

• Desintegração da Folha de Gelo da Antártida Ocidental, aumentando a elevação do nível do mar;

• Desintegração da Folha de Gelo da Groenlândia, o que aumenta a elevação do nível do mar;

• Perda de gelo marinho ártico, resultando em mudanças na forçagem radiativa, que afeta diretamente o aquecimento.

• Descongelamento do permafrost, levando ao feedback de carbono, resultando em emissões adicionais de CO2 e metano, que fluem de volta para os ciclos dos dois gases;

• Dissociação dos hidratos de metano oceânicos resultando em emissões adicionais de metano, que fluem de volta para o ciclo do metano.

• Variabilidade da monção de verão indiana afetando diretamente o PIB per capita na Índia.

 

Referência:

Economic impacts of tipping points in the climate system. Simon Dietz, James Rising, Thomas Stoerk, Gernot Wagner. Proceedings of the National Academy of Sciences Aug 2021, 118 (34) e2103081118; DOI: 10.1073/pnas.2103081118. Disponível aqui.

 

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