Por: André | 28 Setembro 2013
Evo Morales acusou o Fundo Monetário Internacional de chantagear governos. Também Humala falou sobre a relação com o Chile na Assembleia das Nações Unidas. Maduro cancelou seu discurso.
A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 26-09-2013. A tradução é de André Langer.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, recordou, durante a sua intervenção na Assembleia da ONU, que no passado as políticas econômicas de seu país estiveram submetidas à intervenção do Fundo Monetário Internacional. “Antes, para qualquer crédito, o FMI condicionava, chantageava os diferentes governos e as chantagens eram para que a Bolívia entregasse os recursos naturais, para que privatizasse seus serviços”, assinalou o presidente. “Como povos que sofreram intervenções e saques por parte dos impérios de turno, queremos saber de que democracia nos falam alguns presidentes que vêm aqui, quando permitem bloquear o espaço aéreo”, perguntou-se Morales, recordando quando aterrissou em Viena, depois que vários países europeus impediram tal manobra ao avião em que se encontrava, sob a suspeita de que estava acompanhado de Edward Snowden.
“Como se pode falar de democracia quando os serviços de inteligência espiam presidentes e as Nações Unidas? Sinto que há muita soberba e prepotência contra a humanidade”, insistiu Morales, que considerou, além disso, que não há apenas espionagem, mas também que se arquitetam golpes de Estado. Em seguida, dirigiu-se ao povo dos Estados Unidos. “Como é possível que seu presidente gaste milhões de dólares em armas quando há tantos irmãos sem casa? Falam-nos de respeito aos direitos humanos quando se tortura políticos ou dirigentes sindicais que não compartilham as políticas do capitalismo”, insistiu.
Assim mesmo, destacou que as decisões da ONU não são respeitadas e que o terrorismo não se combate com mais gastos ou intervenção militar. “Combate-se com políticas sociais, com tolerância religiosa, com mais educação e igualdade”, considerou o presidente boliviano. “O capitalismo quer salvar sua crise com as guerras. A quem beneficiam as guerras? Nas mãos de quem ficam os países que sofreram intervenções depois dos bombardeios? Quem governa os Estados Unidos? Os cidadãos ou as empresas que financiam as guerras?”, insistiu Morales.
O presidente do Peru, Ollanta Humala, destacou, na quarta-feira, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o compromisso assumido com o Chile de resolver a disputa bilateral sobre fronteiras marítimas de forma construtiva. Em seu discurso na plenária da Assembleia Geral, Humala falou também do êxito econômico de seu país e de seu compromisso com a integração econômica regional e internacional. Além disso, destacou seu objetivo de continuar lutando contra a pobreza e a desigualdade, e pediu uma reforma da ONU para melhorar a eficácia e a legitimidade do sistema internacional. O chefe de Estado peruano disse que é necessário fortalecer o compromisso global para descartar o conflito como meio de resolver diferenças e destacou a importância de que seu país e o Chile tenham encaminhado a controvérsia da forma mais construtiva e cooperativa possível.
Ambos os países fecharam o compromisso mútuo de acatar e executar a sentença emitida pela Corte Internacional de Justiça sobre suas fronteiras marítimas, em um processo que transformará a relação bilateral, destacou. No plano econômico, Humala afirmou que o crescimento dos últimos anos foi extraordinário e recalcou que seu país figura entre os de maior crescimento do mundo.
As projeções da ONU situam o Peru como o terceiro país com maior crescimento da região em 2013, com um crescimento de 5,8%. Também recordou que nos últimos anos foram criados 800.000 empregos e que se reduziu o índice de desemprego em sete pontos porcentuais, além do fato de que o Peru diversificou sua economia, de forma que as exportações não tradicionais já representam um terço do total.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que voltou para Caracas após sua visita à China, sem passar antes por Nova York, onde acontece a Assembleia Geral da ONU, teve seu nome retirado da relação de oradores, informou a imprensa local. Inicialmente, Maduro aparecia na lista de presidentes que interviriam durante a seção desta quarta-feira, segundo o programa oficial da assembleia, mas seu nome foi tirado nas últimas horas da programação, informou o jornal venezuelano El Universal.
No entanto, a embaixada venezuelana nos Estados Unidos e sua missão diplomática na ONU não confirmaram nem desmentiram o cancelamento da visita do presidente. O governo venezuelano havia anunciado a presença de Maduro na Assembleia Geral, onde também tinha previsto reuniões bilaterais, mas o presidente chegou a Caracas na madrugada de quarta-feira. No começo da sua visita à China, o avião presidencial da Venezuela sofreu a proibição de sobrevoar o território estadunidense em Porto Rico, autorizado depois com demora, o que provocou os protestos de vários governos latino-americanos, entre eles os da Bolívia e do Equador.
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Evo Morales pega duro, na ONU - Instituto Humanitas Unisinos - IHU