Governo aposta em navios de luxo para abrigar 6 mil na COP30 em Belém, mas distância é desafio

Foto: Diretoria de Infraestrutura | Secop

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25 Agosto 2025

Transatlânticos ficarão ancorados a 20 km do centro e dependentes de obras ainda inacabadas.

A reportagem é de Cater Anderson, publicada por Agenda do Poder, 24-08-2025.

Para enfrentar a explosão dos preços de hospedagem em Belém durante a COP30, marcada para novembro, o governo federal recorreu a uma solução pouco convencional: dois transatlânticos de luxo. Segundo reportagem do g1, as embarcações MSC Seaview e Costa Diadema vão oferecer 3,9 mil cabines, com capacidade total para mais de 6 mil pessoas. O plano, contudo, traz novos desafios logísticos para a capital paraense.

Os navios ficarão atracados no Porto de Outeiro, em Caratateua, distrito a cerca de 20 km do centro. A região é conhecida por vias estreitas, trânsito pesado e infraestrutura limitada, fatores que aumentam a preocupação com os deslocamentos. A escolha por Outeiro ocorreu após o cancelamento da dragagem de R$ 210 milhões no Terminal Hidroviário Internacional de Belém, que permitiria receber transatlânticos no coração da cidade. O projeto foi suspenso em janeiro sob alegações ambientais.

Governo investe R$ 180 milhões em solução emergencial

No porto em adaptação, o governo federal já desembolsou R$ 180 milhões em obras emergenciais, incluindo a instalação de um píer de 710 metros, previsto para ser entregue em 14 de outubro, menos de um mês antes da conferência. Também estão sendo fixadas 11 estruturas metálicas chamadas dolphins, que vão absorver o impacto e manter os navios seguros durante a atracação.

Para reduzir o tempo de viagem até o Parque da Cidade, onde os pavilhões oficiais estão em construção, o governo do Pará aposta na conclusão da ponte estaiada ligando Outeiro a Icoaraci. A promessa é que o trajeto dure apenas 30 minutos.

Especialistas alertam para gargalos

Mas quando o g1 visitou o local, no início de agosto, apenas a estrutura central estava concluída; os acessos permaneciam em obras. Em um teste realizado em dia de trânsito leve, o percurso do centro até a ponte já consumiu 35 minutos — sem incluir a etapa final até o porto.

Especialistas alertam para o risco de gargalos. “Belém vai passar por um teste inédito, vinculado a um evento de grande porte, e a mobilidade precisa funcionar. Não só a hidroviária, mas também a terrestre”, afirma a geóloga Aline Meiguins, da UFPA. Para ela, o desafio exige planejamento antecipado em ordenamento e infraestrutura.

Países em desenvolvimento terão prioridade na hospedagem

A operação dos navios seguirá um modelo em duas fases. Primeiro, as delegações de 98 países em desenvolvimento e pequenos Estados insulares terão prioridade, com diárias em torno de US$ 220 (cerca de R$ 1,2 mil). Em seguida, leitos serão liberados para demais países, ONGs e credenciados, com preços que podem chegar a US$ 600 (R$ 3,3 mil).

Apesar das críticas, especialistas reconhecem que a medida foi inevitável. “Foi uma solução emergencial necessária, já que poucas cidades brasileiras têm condições de hospedar um evento dessa magnitude”, analisa Thiago Marinho Pereira, engenheiro de pesca da Universidade Federal do Oeste do Pará.

Agora, o sucesso do plano dependerá da conclusão das obras em tempo recorde e da capacidade de Belém de transformar improviso em funcionalidade diante do olhar do mundo.

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