19 Agosto 2025
Simulação indica que o impacto do tarifaço pode ser menor do que se imagina, embora perdas sejam inevitáveis.
O artigo é de Henrique Morrone, professor de Economia da UFRGS, e Samuel Volkweis Leite, professor do Departamento de Matemática da UFRGS, publicado por Sul21, 18-08-2025.
O tarifaço anunciado por Donald Trump promete abalar o comércio internacional. Mas qual será o efeito real sobre a economia gaúcha, conectada aos Estados Unidos? A resposta pode ser estimada por meio da Matriz de Insumo-Produto do Rio Grande do Sul, que mapeia as relações entre setores e permite calcular os impactos de choques externos.
Em 2024, 47% das exportações de calçados do estado foram destinadas aos EUA, 9% do tabaco e 25% da carne bovina (percentual nacional, adotado por falta de dados estaduais). Aplicando esses números à matriz, produto por produto (117 no total), estimou-se que a redução dessas exportações causaria uma queda de 0,30% na produção total do Rio Grande do Sul.
A simulação considera um cenário extremo: a eliminação completa da demanda final desses produtos nos EUA. Sem uma lista completa dos bens afetados, partiu-se da lista de isenções para identificar os sobretaxados. Foram analisados os três produtos mais relevantes — carne bovina, tabaco e calçados — enquanto a carne suína foi excluída por falta de dados.
O resultado indica que, ao menos para esses três produtos, o impacto do tarifaço pode ser menor do que se imagina, embora perdas sejam inevitáveis. Vale lembrar que a desaceleração do restante do Brasil também afetará a economia gaúcha por meio das cadeias produtivas — efeito não incorporado nesta simulação.
Para reduzir vulnerabilidades, será essencial diversificar mercados e fortalecer cadeias produtivas internas, garantindo que decisões comerciais em Washington não determinem o ritmo do desenvolvimento regional.