04 Junho 2025
A decisão reverte uma regulamentação da administração do ex-presidente Joe Biden, que restringia a perfuração em mais de metade da reserva, designando aproximadamente metade do território como “áreas especiais” para proteger espécies como ursos polares, caribus e aves migratórias. O Secretário do Interior norte-americano, Doug Burgum afirmou que a administração anterior “excedeu” sua autoridade ao impor essas limitações, violando uma lei de 1976 que exige o desenvolvimento energético na região, como destacou o NY Times.
A proposta faz parte da agenda energética do governo Trump, que defende a expansão da produção de combustíveis fósseis em terras públicas. Autoridades federais viajaram ao Alasca para incentivar empresas a investir em projetos de petróleo e gás, incluindo um gasoduto ligando os poços ao porto de Nikiski, na Península de Kenai no Pacífico, onde será liquefeito e carregado em navios especiais.
A indústria petrolífera celebrou a medida, enquanto grupos ambientalistas alertam que a exploração acelerará as mudanças climáticas e ameaçará ecossistemas já sob pressão – o Alasca aquece duas a três vezes mais rápido que a média global.
Comunidades indígenas estão divididas: algumas apoiam a geração de empregos e renda, enquanto outras temem impactos na caça e pesca tradicionais. O plano passará por 60 dias de consulta pública antes de ser finalizado, mas deve enfrentar resistência legal de organizações conservacionistas.
A NPR-A, criada em 1923 como reserva estratégica para a Marinha, é a maior área de terras públicas dos EUA e vem sendo alvo de disputas entre setores energéticos e ambientalistas há décadas.
O Guardian lembrou que, apesar da promessa de Trump de liberar a exploração petrolífera na Área Nacional de Vida Selvagem do Ártico, o leilão de licenças realizado em janeiro não atraiu nenhum interessado. Laura Daniel-Davis, secretária-adjunta interina do Departamento do Interior à época, destacou que “há lugares demasiado especiais e sagrados para serem explorados”, evidenciando a resistência à perfuração em áreas ambientalmente sensíveis.
Leia mais
- Alasca, Trump autoriza novas perfurações de petróleo em áreas protegidas
- Trump 2.0 – Mais uma semana de ataques ao clima e meio ambiente dos EUA. Artigo de Cristiane Prizibisczki
- Trump processa estados por ações judiciais contra indústria de combustíveis fósseis
- O dramático legado ambiental de Trump. Artigo de Eduardo Gudynas
- Mais de 1,1 mil funcionários de agência ambiental dos EUA podem ser demitidos a qualquer momento
- Do choque à reação: a ação climática em tempos de Trump. Artigo de Bruno Toledo Hisamoto
- As chaves para a saída dos EUA do Acordo de Paris: O que acontecerá agora com a luta climática?
- Grandes bancos dos EUA curvam-se a Trump e abandonam alianças climáticas. Artigo de Yago Álvarez Barba
- O que esperar da administração Trump na agenda climática
- Com Trump nos EUA, Brasil e outros líderes precisam aumentar ação climática
- Retorno de Trump à Casa Branca dificultará ainda mais limite de aquecimento de 1,5°C
- EUA se declaram contra obrigações climáticas em corte da ONU
- Trump tira EUA do Acordo de Paris e assina atos promovendo combustíveis fósseis e mineração
- Esqueça o Acordo de Paris
- CEO da ExxonMobil desencoraja Trump a deixar Acordo de Paris
- “Eleição de Trump é um evento climático extremo”. Entrevista com Marcio Astrini