21 Junho 2024
Evangélicos querem tirar proveitos políticos em eventual vitória de Trump nos EUA.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Se Donald Trump vencer as eleições de novembro para a presidência dos Estados Unidos, os evangélicos terão “um poder num nível que jamais usaram antes”. A promessa é do próprio candidato que também criará uma força-tarefa especial no Departamento de Justiça para investigar casos de discriminação anticristã. “Temos que trazer de volta o cristianismo neste país”, disse o candidato em fevereiro para uma associação de emissora religiosas.
As repórteres Michelle Boorstein e Hannah Knowles apresentaram, em matéria para o Washington Post, o que a direita cristã estadunidense quer de um segundo mandato de Trump. Defensores dos direitos civis, das mulheres e dos homossexuais encaram as propostas evangélicas como uma perigosa indefinição entre Igreja e Estado.
Trump prometeu suspender os programas federais considerados promotores da transição de gênero. “O presidente Trump restaurará e respeitará os valores conservadores cristãos de fé, família e liberdade, acabará com a discriminação de Biden contra cristãos e defenderá a liberdade religiosa, como o fez orgulhosamente no seu primeiro mandato”, declarou ao jornal a porta-voz da campanha do candidato republicano, Karoline Leavitt.
Informou, ainda, que Trump “apoia os direitos dos Estados de tomar decisões sobre o aborto” e apoia as exceções à proibição em casos de estupro, incesto e vida da mulher. Uma posição mais humana que a dos defensores da Lei do Estupro na Câmara Federal brasileira.
Pelas manifestações de evangélicos fundamentalistas, parece que o presidente dos Estados Unidos é um ateu radical. Ao contrário, Biden é um católico praticante que assiste regularmente às missas e prometeu proteger a liberdade religiosa. Ele apontou políticas de Trump, como a proibição de viagens de norte-americanos a países de maioria muçulmana, como uma violação a esse valor.
Depois da derrota de Trump para Biden, evangélicos alcançaram vitórias adicionais nos Estados governados por republicanos, como a promulgação da legislação que restringe os cuidados aos transgêneros e a limitação dos livros que podem ser ensinados nas escolas ou emprestados nas bibliotecas.
Evangélicos chegaram a produzir um documento “Mandato para Liderança” do Projeto 2025, publicado pela conservadora Fundação Heritage, que tem por meta, segundo o presidente da entidade, Kevin Roberts, “construir uma agenda governamental, não apenas para janeiro próximo, mas por muito tempo no futuro”.
O documento pede a eliminação de termos como “aborto”, “saúde reprodutiva”, “gênero” e “igualdade de gênero” de todas as regras federais, regulamentos de agências contratos, concessões, e peças legislativas existentes. Define, ainda, que a promoção da “ideologia de gênero” é semelhante à pornografia e deve ser tratada como um crime, e pede que a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA a sigla em inglês) reverta a aprovação das drogas abortivas.
A pesquisa do Pew Research Center constatou, em 2023, que 62% dos estadunidenses se diziam cristãos, e que o núcleo mais confiável da direita política religiosa eram os evangélicos brancos, que representam 14% da população adulta dos EUA. Desse grupo, 76% disseram, em outra pesquisa também do ano passado, que votariam em Trump se as eleições fossem naquele momento.
Trump escolheu para seu companheiro de chapa o governador evangélico de Indiana, Mike Pence.
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