15 Dezembro 2023
Na segunda-feira, 11 de dezembro, um grupo de judeus idosos acorrentou-se aos portões da Casa Branca, pedindo que o governo Biden deixe de financiar o genocídio dos palestinos de Gaza por Israel e apoie um cessar-fogo permanente. A ação aconteceu poucas horas antes do acendimento programado da Menorá na Casa Branca para o feriado judaico de Hanukkah.
A reportagem é de Chris Walker, publicada por Truthout e reproduzida por Presenza, 13-12-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Os membros da Jewish Elders for Palestinian Freedom também tentaram ler os nomes dos 17 mil palestinos que as Forças de Defesa de Israel (IDF) mataram desde outubro, começando por Mahdiya Abdullah Abdul Wahab Halawa, 93 anos, um sobrevivente da Nakba de 1948.
Dezoito membros do grupo foram presos por sua ação de protesto, organizada em parte com a Jewish Voice for Peace e acusados de crimes federais pela violação de domicílio.
Nas declarações divulgadas ao Truthout, os manifestantes explicaram os motivos da sua ação.
“Os Estados Unidos estão armando e financiando o massacre de palestinos, não para a segurança dos judeus, mas para os seus próprios interesses”, declarou Sarah Schulman, 65 anos, bolsista do Guggenheim. “Biden, pare de nos usar. Os palestinos deveriam ser livres”.
“Não deixem que digam que é complicado. Os palestinos estão sendo massacrados”, disse Karen Ackerman, 70 anos, ex-diretora política da AFL-CIO (a maior organização sindical dos EUA), enfatizando que o massacre dos palestinos por Israel também inclui o bloqueio das ajudas humanitárias, privando o povo palestino de comida, água e suporte de saúde. “Nunca foi tão importante agir”.
“Minha família sobreviveu ao Holocausto, então conheço o preço do silêncio. Agora recuso-me a ficar calada”, declarou Deb Kaplan, 69 anos, especialista em justiça reprodutiva e defensora da saúde materno-infantil.
Os Estados Unidos ignoraram recentemente o habitual processo de aprovação do Congresso para o envio a Israel de mais de 14.000 projéteis pela sua incansável campanha de bombardeios contra Gaza. O exército israelense já utilizou mais de 22.000 bombas fornecidos pelos Estados Unidos, incluindo aquelas de fósforo branco, nos ataques contra o Líbano, no norte do país – uma ação que os defensores dos direitos humanos dizem que deveria ser investigada como um crime de guerra.
Também na segunda-feira, uma dezena de pessoas participaram de um "die-in" perante a Casa Branca, para reiterar a responsabilidade do governo dos EUA pelas atrocidades que Israel está cometendo, agora reconhecidas mundialmente.
O protesto, organizado pela fundadora e ativista do Humanity Lab, Hazami Barmada, também ocorreu em apoio aos funcionários do governo que, apesar de serem a favor do cessar-fogo, temem expressar a sua opinião. “Ouvimos do pessoal da administração que a nossa presença aqui contribuiu para pressioná-los, o que para nós é um sinal de sucesso”, declarou Barmada.
Ambos os protestos ocorreram poucas horas antes de uma recepção de Hanukkah na Casa Branca. Esperava-se quase 800 convidados no evento, incluindo sobreviventes do Holocausto, informou a ABC News.
Até a segunda-feira, as forças israelenses mataram pelo menos 18.000 palestinos em Gaza, entre os quais 7.729 crianças. O cerco israelense também feriu 50 mil palestinos e desmantelou sistemas sanitários críticos.
Os apelos a um cessar-fogo e ao fim da ocupação multiplicaram-se nas últimas semanas, com centenas de milhares de estadunidenses saindo às ruas em solidariedade com a Palestina, mas apesar do generalizado apoio ao cessar-fogo entre os eleitores do país, os políticos de ambos os partidos permaneceram firmes no seu apoio ao genocídio de Israel em Gaza. Na semana passada, os Estados Unidos foram o único país dos 13 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas a votar contra uma resolução que pedia a libertação imediata de todos os reféns israelenses e o cessar-fogo, vetando assim a resolução.
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Dezoito idosos judeus presos após um protesto pelo cessar-fogo em Gaza em frente à Casa Branca - Instituto Humanitas Unisinos - IHU