10 Novembro 2023
Vinte e seis teólogos participaram sem direito a voto na primeira sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, recém-concluída. Eles querem um papel maior quando a assembleia se reunir novamente no ano que vem.
A reportagem é de Matthieu Lasserre, publicada por La Croix International, 09-11-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na tarde de 28 de outubro, a secretaria do Sínodo dos Bispos encerrava um mês sem precedentes ao reunir os participantes da primeira sessão da assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade na Sala Paulo VI para votar um relatório final.
Embora as pessoas de fora da sala ainda não soubessem exatamente o que aquele relatório conteria (ele seria divulgado algumas horas depois), alguns dos participantes da assembleia já estavam avaliando o evento.
Em um terraço romano com vista para a Praça São Pedro, um dos 26 teólogos que foram convidados a participar na assembleia sinodal de um mês não conseguiu esconder uma certa amargura em relação a seu papel durante as deliberações.
“Para o papa, todos devem poder fazer parte da Igreja. Muitos de nós sentimos que poderíamos ter contribuído mais durante este Sínodo”, murmurou.
Tal como outros especialistas, os teólogos não tinham direito a voto. Divididos por idioma em pequenos grupos ao redor das mesas nas quais as discussões estavam organizadas, o papel deles era essencialmente sintetizar as discussões.
“Conseguimos preparar quatro declarações durante os debates, partilhar as nossas opiniões sobre a síntese e escrever algumas notas sobre certos temas, acessíveis a todos”, observou Alphonse Borras, padre e teólogo belga.
“Eles nunca foram utilizados”, lamentou.
Algumas vozes também se levantaram em relação ao formato do relatório final. Com 42 páginas, o documento aborda uma série de assuntos sem – pelo menos nesta fase – levar a nenhum progresso real. A maioria dos teólogos concordou que esse método de intercâmbio era um exercício “interessante” e “positivo”.
“Estamos em um processo de escuta mútua em uma Igreja muito dividida: é um forte sinal!”, disse o padre jesuíta Christoph Theobald com entusiasmo.
“Esse diálogo era necessário. O papel dos teólogos entrará em jogo depois disso”, disse outro teólogo.
De fato, o método da “Conversa no Espírito” não permite resolver problemas teológicos fundamentais.
“A aceitação de todos na Igreja levanta questões teológicas fundamentais que são impossíveis de se resolver em um Sínodo”, explicou um teólogo de língua francesa.
“Todos os estilos de vida, como a homossexualidade, são aceitáveis? Deveríamos ter conseguido trabalhar mais sobre essas questões”, disse o professor.
Em uma tentativa de ter uma maior influência no curso dos debates que serão reabertos em outubro de 2024, na segunda sessão da assembleia sinodal, os teólogos francófonos apresentaram duas grandes propostas à secretaria do Sínodo.
Em um documento ao qual o La Croix teve acesso, eles pedem “uma redução drástica” do número de temas abordados.
Dez temas são apresentados no documento, incluindo o ministério diaconal, especialmente para as mulheres, a participação das mulheres nos órgãos eclesiais, o fortalecimento das conferências episcopais e a necessidade de que os vários níveis da Igreja prestem contas de seu trabalho.
“Reduzir o número de questões nos permitiria abordá-las com maior profundidade”, justificou Borras.
O documento também pede aos organizadores da assembleia sinodal para “inserir mais os peritos no processo”.
“Os teólogos não podem ser marginalizados e silenciados, mas devem ser mais aproveitados durante o período entre as sessões e na próxima assembleia”, afirmam.
Eles propõem que um número limitado de questões seja priorizado em um texto que, “tal como no Vaticano II, seria elaborado por um grupo central de teólogos e bispos convocados para uma comissão mais ampla”. Essa seria, então, a base para as discussões na segunda rodada da assembleia no ano que vem.
A proposta deles foi ouvida? Ao apresentar o relatório de síntese final da primeira sessão, no dia 28 de outubro, o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator da assembleia sinodal, indicou que o documento seria agora objeto de trabalho teológico.
“Também teremos que adaptar a nossa forma de trabalhar do ponto de vista pastoral, canônico e teológico”, explicou. “Abordaremos questões que seria irrealista abordar da mesma forma” como foi feito durante a fase de outubro de 2023, disse ele.
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Teólogos pedem um papel mais proeminente no Sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU