01 Setembro 2023
- Nos últimos dias, o papa foi duramente criticado pelas autoridades ucranianas que o acusaram de exaltar o imperialismo russo depois de falar com alguns jovens católicos russos.
- As palavras do Papa elogiando a história da Rússia foram criticadas pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Kiev, Oleg Nikolenko, que considerou que elas defendiam o “imperialismo russo”, mas o Vaticano negou que o Papa quisesse exaltá-lo.
- Durante o voo, o papa também abençoou uma cantina crivada de balas pertencente a um soldado ucraniano.
A reportagem é de Cristina Cabrejas, publicada por Religión Digital, 01-09-2023.
O Papa Francisco reconheceu hoje as dificuldades da diplomacia vaticana nestes momentos de guerra, ao responder aos jornalistas que viajam com ele no voo que o levará à Mongólia.
O Papa, como sempre, cumprimentou um a um os quase 70 jornalistas que viajavam com ele para a Mongólia e um deles lhe perguntou sobre “as dificuldades da diplomacia vaticana nestes tempos de guerra”.
“Você não imagina”, respondeu Francisco, acrescentando que “às vezes é preciso encarar as coisas com senso de humor”.
Nos últimos dias, o papa foi duramente criticado pelas autoridades ucranianas que o acusaram de exaltar o imperialismo russo depois de falar com alguns jovens católicos russos.
"Nunca se esqueçam da sua herança. Vocês são herdeiros da grande Rússia: a grande Rússia dos santos, dos governantes, a grande Rússia de Pedro, o Grande, de Catarina, a Grande, daquele grande império iluminado, de grande cultura e grande humanidade", disse o Papa aos jovens.
As palavras do Papa elogiando a história da Rússia foram criticadas pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Kiev, Oleg Nikolenko, que considerou que elas defendiam o "imperialismo russo", mas o Vaticano negou que o Papa quisesse exaltá-lo e especificou que apenas "queria encorajar os jovens a preservar e promover tudo o que há de positivo no grande mundo da cultura e espiritualidade russa".
Durante o voo, o papa também abençoou um cantil crivado de balas pertencente a um soldado ucraniano que ele levou para uma igreja em Leópolis como oferenda para se salvar.
O valor do silêncio nesta jornada
Por outro lado, quando questionado sobre a morte de cinco trabalhadores que foram atropelados por um trem nos arredores de Turim (noroeste de Itália) enquanto realizavam trabalhos de manutenção durante a noite, o Papa afirmou que “os acidentes de trabalho são uma calamidade e uma injustiça e sempre por falta de cuidado".
“Os trabalhadores são sagrados”, disse o Papa.
Os cinco falecidos, já identificados e com idades entre os 22 e os 52 anos, estavam prestes a iniciar a substituição de alguns carris quando foram atingidos perto da cidade de Brandizzo pelo trem, que viajava a uma velocidade de 160 quilômetros locais. A imprensa noticiou o ocorrido.
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Francisco reconhece, no avião com destino à Mongólia, as dificuldades da diplomacia vaticana em tempos de guerra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU