13 Abril 2023
"Roberto Campos não só chantageia o governo petista. Ele chantageia e boicota a nação, o povo. Quanto investimento deixará de ser aplicado por falta de recursos numa economia que não gira e não gera impostos? Quantas escolas, quantas creches, quantos hospitais, quantos recursos deixarão de fluir para a área de segurança por causa da chantagem de um grupo teimoso que não deseja o desenvolvimento do Brasil? Um triste exemplo que só cabe no lixo da história", escreve Edelberto Behs, jornalista.
Este senhor que preside o Banco Central foi eleito pelo povo brasileiro? Os oito membros da Diretoria do Banco Central do Brasil foram eleitos pelo voto popular? Pelas decisões que definem no Comitê de Política Monetária (Copom) parece que contam com o respaldo das urnas, mas não, são indicados, sabatinados e aprovados pelo Senado.
Como indicados, e pelas decisões que tomam no quadro político-econômico do país, o presidente do Banco Central e seus colegas têm mais poderes que o presidente da República, eleito pelo voto popular, e seus ministros. Essa é mais uma das excrescências do sistema republicano brasileiro, entre tantos outros, como é o poder superdimensionado do presidente da Câmara dos Deputados.
Os integrantes da diretoria são escolhidos pelo presidente da República. No caso do atual Copom, pessoas indicadas por Jair Messias Bolsonaro, aprovadas pelo Senado, com mandato de quatro anos, portanto até 2024. Só então o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicará os diretores para os quatro anos seguintes. Assim, a indicação ao Copom nunca coincide com a vigência do presidente da República.
Pode ser uma maneira interessante de manter a autonomia do Banco Central, mas também pode ser um empecilho à boa governança em compatibilidade com a política monetária que o governo eleito se propõe a desenvolver. No momento, temos um Copom que insiste numa taxa Selic de 13,75% sem uma justificativa convincente, a não ser fazer oposição ao governo.
José Roberto de Toledo, colunista do UOL, afirmou, em tom irônico, que o Copom poderia se chamar Comitê de Política Monetária da Faria Lima. Para o jornalista, manter o juro recorde é o Banco Central chantageando o governo.
O Copom exerce um papel importantíssimo no esqueleto republicano brasileiro. Sua principal função é regular a economia do país. Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, ou seja, a taxa básica de juros aplicada pelo Banco Central. Ela foi introduzida em março de 1999 como a única taxa indicativa dos juros do país.
A taxa Selic é reguladora da vida econômica do país. Quando se mantém elevada, ela tem por meta desacelerar a economia e controlar a inflação. Ao contrário, quando a Selic baixa, ela provoca o aquecimento da economia ao estimular o consumo.
No atual momento, a economia brasileira está superaquecida? A inflação está descontrolada? O oposto. O momento exigiria um impulso na economia. As vendas de carros, de imóveis, estão em queda. Poucos se arriscam a fazer um financiamento e pagar um juro desse tamanho.
Mas o Copom manteve a taxa de juros a 13,75%, uma das mais elevadas do mundo. Como assimilar essa taxa, a não ser como um mote oposicionista para que, daqui a pouco, poder afirmar, com todo o apoio da imprensa comercial, que o governo petista afundou a economia brasileira, nada funciona, o comércio, a indústria, a oferta de serviços, tudo está estancado.
Roberto Campos não só chantageia o governo petista. Ele chantageia e boicota a nação, o povo. Quanto investimento deixará de ser aplicado por falta de recursos numa economia que não gira e não gera impostos? Quantas escolas, quantas creches, quantos hospitais, quantos recursos deixarão de fluir para a área de segurança por causa da chantagem de um grupo teimoso que não deseja o desenvolvimento do Brasil?
Um triste exemplo que só cabe no lixo da história.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Um Comitê mais poderoso que o conjunto de ministros. Artigo de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU