Jesus celebra a Páscoa em 2023. Artigo de Edelberto Behs

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05 Abril 2023

"'Como quereis que preparemos a Páscoa, e onde?' – indagariam os discípulos. Eles discutiriam entre si sobre qual sugestão apresentar ao mestre. Viria ele de novo montado num jumento? Jamais', retorquiu Judas Iscariotes. 'Onde se viu o Senhor vir em pleno século XXI montado num jumento? Sugiro que façamos uma motociata em Brasília'", escreve Edelberto Behs, jornalista.

Eis o artigo.

No domingo passado, 2 de abril, a cristandade rememorou a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O mestre veio montado num jumento. O povo o aclamou. Alguns estenderam suas capas para a passagem de Jesus, outros cortaram ramos para recebê-lo. 

Como seria a entrada de Jesus numa cidade do mundo em 2023 que não fosse Jerusalém? “Como quereis que preparemos a Páscoa, e onde?” – indagariam os discípulos. Eles discutiriam entre si sobre qual sugestão apresentar ao mestre. Viria ele de novo montado num jumento?

Jamais, retorquiu Judas Iscariotes. “Onde se viu o Senhor vir em pleno século XXI montado num jumento? Sugiro que façamos uma motociata em Brasília. Tenho comigo um cartão corporativo e com ele posso bancar sanduíches e bebidas. Vamos chamar o povo evangélico que certamente vão acolhê-lo. Vamos encher o céu de drones para filmar essa entrada triunfal e espalhá-la pelo mundo”, propôs. Foi contestado e até vaiado pelos demais discípulos. Aplausos de evangélicos fundamentalistas estão fora de cogitação. O Mestre certamente não vai querer receber acolhida, de quem, em nome do Senhor, promete a salvação em troca do dízimo.

Lucas, o médico, sugeriu uma passeata. Caminhar faz bem ao corpo e à alma, argumentou. E, afinal, o trecho de caminhada não seria tão longo assim. “Mas onde se daria essa caminhada, Lucas?” “Poderia ser na rambla em Montevideo, junto ao rio, com aquela bela paisagem margeando o trecho”, indicou.

Vamos pensar numa carreata, reagiu Pedro. Podemos organizá-la em Nova York, junto ao povo americano, que adora carros. Depois, a cidade é sede da Organização das Nações Unidas. Um evento desses seria notícia nos principais jornais do mundo, com direito a transmissão ao vivo pelos canais de televisão e cobertura das mídias sociais.

Jesus comemorou a Páscoa, como o faz todos os anos. Ele escolheu a cidade de Tissi, no Chade, onde apareceu com seus discípulos, que o contestaram: “No Chade, Senhor? No país africano mais pobre do mundo? Por que lá, Senhor” – questionaram os discípulos.

Tissi abriga um dos tantos campos de refugiados que existem no continente africano. Esse campo recebe sudaneses, a maioria mulheres e crianças. Lembram quando vocês tentaram impedir crianças se aproximarem de mim? Lembrem que eu disse que o Reino de Deus era delas? Pois mais de dois terços dos refugiados que vivem no campo em Tissi são crianças. São negras, pobres, muitos órfãos. Vamos abençoá-las, levar esperança e solidariedade a esse povo que foge de revoluções, guerras e secas.

Jesus percorreu o campo de refugiados e foi recebido por cristãos e muçulmanos, por seguidores de religiões animistas, por todas as pessoas que adoram Deus, seja que nome lhe dão.

No seguimento da história, a comemoração da Ceia pascal aconteceu no Restaurante Bom Prato, que atende população de rua e que foi fechado pelo governador de São Paulo sob o argumento de que o imóvel não tinha mais “condições de uso”. E pobre com fome quer lá saber de condições de uso?

Já a crucificação deu-se em Genebra, um dos pontos centrais de agências bancárias e de financeiras internacionais.

E a ressurreição? Ela verificou-se em Kiev. Mesmo assim, a guerra não terminou porque as gentes uniformizadas foram os soldados que levaram Jesus à cruz! A ressurreição acontece no coração de todas as pessoas de boa vontade, que recebem a ação do Espírito Santo.

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