12 Janeiro 2023
Emanuela Orlandi, residente na Cidade do Vaticano e filha de um funcionário do Vaticano, desapareceu em Roma em 22 de junho de 1983, quando tinha 15 anos.
A reportagem é de Ivan Fernandes, publicada por La Croix International, 10-01-2023. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O caso de Emanuela Orlandi, filha adolescente de um funcionário do Vaticano desaparecido em 1983, está sendo investigado pelo Promotor de Justiça do Vaticano.
Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, disse em 9 de janeiro que Alessandro Diddi, promotor de Justiça do Vaticano, aprovou esta decisão, em parte em resposta aos apelos da família Orlandi.
Emanuela, moradora da Cidade do Vaticano e filha de um funcionário do banco do Vaticano, desapareceu em Roma em 22 de junho de 1983, quando tinha 15 anos. A mãe e o irmão da menina ainda vivem dentro dos muros do Vaticano e defendem que seu caso seja investigado. Recentemente, a Netflix produziu uma série documental que destacou o caso de 40 anos.
O irmão de Orlandi, Pietro, que manteve o caso particularmente sob os olhos do público, descreveu a decisão do Vaticano como um “passo positivo”. “Há novos elementos que precisam ser analisados e estou convencido de que há pessoas no Vaticano que estão cientes de tudo”, disse ele à RAI News, a emissora pública estatal italiana.
Durante décadas, o caso da jovem de 15 anos esteve nos noticiários, ligado a teorias de conspiração infundadas que iam, a título de especulação, desde um complô para matar o Papa João Paulo II até o escândalo financeiro do chamado Banco do Vaticano e o submundo do crime de Roma. Em 2017, um jornal publicou um documento de cinco páginas supostamente roubado de um gabinete vaticano trancado que sugeria que a Santa Sé estava envolvida no desaparecimento de Emanuela. O Vaticano sustentou que o documento não era genuíno.
Pouco depois do seu desaparecimento, a polícia não excluiu a possibilidade de Emanuela ter sido raptada e morta por motivos alheios ao Vaticano ou ter sido vítima de tráfico humano.
Em março de 2019, a família da menina desaparecida recebeu uma carta que dizia: “Olhe para onde o anjo está apontando”, com uma foto de um anjo acima de uma tumba no Cemitério Teutônico do Vaticano, um cemitério medieval agora reservado principalmente para padres e religiosas germanófonos. O cemitério fica ao lado da Basílica de São Pedro.
O tribunal estadual da Cidade do Vaticano ordenou a abertura dos túmulos a pedido da família Orlandi e funcionários do Vaticano, supervisionados pela polícia do Vaticano e um antropólogo forense. Depois duas sepulturas do século XIX no Cemitério Teutônico do Vaticano foram abertas para verificar os possíveis restos mortais de Emanuela. Os dois túmulos foram marcados como os locais de descanso da princesa Sophie von Hohenlohe, que morreu em 1836, e da duquesa Charlotte Frederica de Mecklenburg-Schwerin, mãe do rei Frederico VII da Dinamarca, que morreu em 1840.
“A busca teve resultado negativo”, disse Alessandro Gisotti, então diretor interino da assessoria de imprensa do Vaticano. “Nenhum resto humano ou urna funerária foi encontrado”, disse ele. Mais tarde, o tribunal do Vaticano confirmou que os túmulos estavam vazios, mas os dois conjuntos de ossos encontrados nas proximidades tinham pelo menos 100 anos e encerrou oficialmente sua investigação sobre a possibilidade de que alguns dos restos mortais pertencessem à adolescente desaparecida.