12 Dezembro 2022
Novas imagens de Yanomami em situação dramática repercutiram nesta sexta-feira (09).
Profissional de saúde pesa mulher Yanomami com quadro severo de desnutrição | Foto: Reprodução/Urihi Yanomami
A reportagem é publicada por Mídia Ninja, 10-12-2022.
Elas revelam moradores da comunidade Kataroa acometidos por desnutrição aguda grave. Kataroa fica na região de Surucucu, no município de Alto Alegre, norte de Roraima.
A crise sanitária resulta da combinação fatal da invasão garimpeira, descaso do governo federal e casos de corrupção, com desvio de recursos da saúde indígena. A invasão garimpeira causa a contaminação dos rios e degradação da floresta, o que reflete na saúde dos Yanomami, principalmente crianças, que enfrentam a desnutrição por conta do escasseamento dos alimentos.
Em novembro, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) realizaram uma operação contra uma fraude na compra de remédios destinados ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y). Entre os alvos da operação Yoasi estão empresários e servidores do Distrito de Saúde Indígena Yanomami (Dsei-Y), órgão do Ministério da Saúde responsável pela saúde indígena Yanomami.
De acordo com as investigações, o esquema criminoso deixou pelo menos 10 mil crianças indígenas sem medicamentos. E são justamente as crianças, as que mais sofrem com a falta de assistência de saúde.
Crianças são as que mais sofrem com quadro de desnutrição aguda | Foto: Reprodução/Urihi Yanomami
O flagrante mostra ao menos 17 crianças com desnutrição aguda, além de outras doenças infecciosas, segundo divulgado pelo presidente da Urihi, Júnior Hekurari Yanomami, que também é chefe do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY).
“O agravo da invasão garimpeira, doenças infecciosas e a desassistência do Dsei aumentam a insegurança da população, resultando em níveis catastróficos de desnutrição”, publicou a Urihi numa rede social.
À GloboNews, que repercutiu as novas imagens, o advogado do Conselho Indígena de Roraima (CIRR), Ivo Cípio, afirmou que as crianças estão sem assistência médica e sem o acompanhamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). O CIRR acompanha a situação.
“Cada dia que passa a situação piora, né? São praticamente 10 mil crianças yanomami sem assistência médica, sem acompanhamento da Sesai por falta de recurso, por falta de equipe médica em área”, ressaltou à Globo News.
O Ministério Público Federal (MPF), solicitou que a denúncia seja encaminhada para a procuradoria acompanhe o caso. À reportagem, o procurador Alisson Marugal destacou:
“Desde o ano passado vislumbramos muito claramente uma crise humanitária não só pela atividade de mineração ilegal, mas também, mas também pela falta de gestão da saúde Yanomami”.
A situação de precariedade do sistema de saúde é grave. Na terça-feira (06), outro fato aumentou o alerta para o território. A Unidade Básica de Saúde Indígena de Homoxi (UBSI), na região de Homoxi, foi incendiada.
O vice-presidente da Hutukara, Dário Kopenawa denunciou: “Os garimpeiros queimaram o nosso posto de saúde Yanomami na região do Homoxi!”.
A Urihi também se manifestou, ressaltando que o ato partiu de garimpeiros ilegais que ocupam o território. A suspeita da Urihi é que o incêndio ocorreu em retaliação à operação Guardiões do Bioma, do Ibama, com participação da Polícia Federal, que combate a extração ilegal de minérios e outros crimes ambientais na Terra Indígena. A fiscalização está em curso e já queimou aviões usados por garimpeiros.
Na segunda-feira (5), fiscais estiveram na região de Homoxi e destruíram equipamentos de garimpeiros. Após isso, o posto de saúde foi incendiado, conforme a associação. Ao menos 700 Yanomami dependem da unidade.
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Abandono: Com a invasão do garimpo e sem assistência de saúde, Yanomamis sofrem com desnutrição aguda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU