07 Dezembro 2022
A advogada, religiosa e defensora dos direitos humanos Michael Nolan será a personalidade homenageada este ano com o Prêmio Franz de Castro, da OAB/SP.
A reportagem foi feita pelo Sindicato dos Bancários/CUT, publicada por Conselho Indigenista Missionário - Cimi, 05-12-2022.
A advogada, religiosa e defensora dos direitos humanos Michael Nolan será a personalidade homenageada este ano com o Prêmio Franz de Castro, da OAB/SP. A cerimônia de entrega da 38ª versão do prêmio ocorrerá no dia 7 de dezembro, na sede da entidade, a partir das 18h.
Nascida nos EUA, Michael Mary Nolan chegou ao Brasil em setembro de 1968, com apenas 27 anos de idade. Desde então, dedicou-se incansavelmente à defesa dos oprimidos e das minorias: quilombolas, indígenas, trabalhadores rurais, mulheres imigrantes em conflito com a lei, e população em situação de rua. Atuou como religiosa da Congregação das Irmãs de Santa Cruz e, a partir de 1984, já formada em Direito pela PUC São Paulo, também como advogada.
Sobre o prêmio, ela diz ser o reconhecimento de todo esse trabalho na promoção e defesa dos direitos humanos. “Me formei em 1984, e desde então tenho usado a advocacia em prol dos mais vulneráveis, que lutam na defesa de suas terras, de suas comunidades, famílias e de suas próprias vidas. Então o prêmio é o reconhecimento dessa atuação.”
Ela lembra que nesse período ajudou a fundar vários centros de defesa dos direitos humanos em diversas regiões de São Paulo, que tiveram atuações importantes como no “massacre da Sé”, em 2004 (ataques à população em situação de rua ocorridos nas madrugadas de 19 e 22 de agosto, e que resultaram no assassinato de sete pessoas). Como advogada, atuou com o Padre Júlio Lancelotti nas primeiras apurações do massacre.
Nessa trajetória de mais de 50 anos, Nolan trabalhou com diversas entidades, entre elas o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, onde prestou serviços como advogada na década de 1980 e, mais recentemente, atuou no projeto de distribuição de alimentos na Quadra dos Bancários. Como conselheira da Rede Rua, a advogada foi uma das responsáveis pela parceria da ong com o Sindicato em ação de combate à fome que iniciou na pandemia, mas que se mantém até hoje, com a distribuição diária de marmitas a pessoas em vulnerabilidade alimentar.
“Essa ação do Sindicato na Quadra é a continuidade de uma tradição: o Sindicato já trabalha com população vulnerável desde a década de 1990, quando fundou o Projeto Travessia para atuar junto a crianças e jovens em situação de rua no centro da capital. Então a parceria com a Rede Rua no combate à fome segue o legado da entidade”, destaca a ativista.
O secretário de Organização e Suporte Administrativo do Sindicato, João Fukunaga, ressalta que a homenagem é justa e merecida. “São décadas de uma luta incansável em favor dos desassistidos, sendo a voz de pessoas que são marginalizadas pela sociedade. E é uma grande honra para o Sindicato dos Bancários de São Paulo ter sido parceiro da dra. Michael Nolan em ações de promoção da cidadania.”
Hoje aos 81 anos, além de conselheira da Rede Rua, Nolan é advogada do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e presidenta do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), cuja missão é erradicar a desigualdade de gênero, garantir direitos e defender mulheres migrantes em situação de cárcere. Além disso, ao longo de sua militância, destacou-se ainda na atuação junto a quilombolas e indígenas do Vale do Ribeira, no sul do estado de São Paulo.
A Comissão de Diretos Humanos da OAB/SP instituiu o prêmio Franz de Castro em dezembro de 1982. Concedido anualmente, o prêmio já homenageou personalidades como Herbert de Souza, o Betinho (em 1994); Dom Paulo Evaristo Arns (em 1996); Padre Júlio Lancellotti (em 2000); o sindicalista e parlamentar Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (em 1995); e o jornalista Caco Barcelos (em 1992), entre outros.
José de Castro Holzwarth (1942 – 1981), que dá nome ao prêmio, foi um advogado brasileiro e ativista dos direitos humanos. Morreu aos 38 anos, durante rebelião na cadeia pública de Jacareí (SP) quando, chamado para mediar o motim, ofereceu-se para ficar como refém no lugar de um policial militar.
Michael Nolan | Foto: Reprodução Youtube
Michael Nolan, é dvogada, coordenadora da Congregação das Irmãs de Santa Cruz, assessora das Pastorais Sociais e assessora jurídica do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e da Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras (EAACONE). Em 2004 recebeu doutorado honorário de Saint Mary's College, Notre Dame, Indiana por seu trabalho em direitos humanos. (Nota do Instituto Humanitas Unisinos - IHU).
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Michael Nolan, incansável defensora dos direitos humanos é homenageada pela OAB/SP - Instituto Humanitas Unisinos - IHU