20 Outubro 2022
Aproveitando a publicação de um artigo de Phil Lawler no 'Catholic FactChecking' publicamos nosso post (terça-feira 18 de outubro) onde fizemos algumas perguntas repassadas por inúmeros leitores – nos últimos 20 meses – sobre essa iniciativa lançada com grande relevância na imprensa internacional e sobre a qual, passado algum tempo, nada mais foi dito. Também fizemos algumas críticas porque certas passagens parecem pouco transparentes ou mal iluminadas por informações completas e oportunas.
O diretor da Aleteia, Jesús Colina, cuja cortesia deve ser ressaltada, enviou-nos um breve e-mail com anexo, que publicamos na íntegra abaixo, no qual ilustra amplamente seu ponto de vista oferecendo importantes respostas. Sem duvidar que se trata de uma contribuição significativa para o esclarecimento da questão, no entanto, permanecem várias dúvidas.
A nota foi publicada por Il Sismógrafo, 19-10-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Esclarecimento (Arquivo Word – Disponível aqui).
Agradecemos pelo serviço de altíssima qualidade que cotidianamente oferece Il Sismografo. Nosso reconhecimento e compromisso por informações precisas nos move a oferecer esclarecimentos sobre seu post: 3 milhões de dólares do Google para combater as fake news sobre as vacinas contra o Covid-19. Onde está o dinheiro, quem o pegou e com que resultados?
Vamos começar pelas três acusações e exigências do seu título.
1. Não é verdade que a Google News Initiative tenha dado 3 milhões de euros ao Catholic FactChecking:
Em primeiro lugar, deve-se esclarecer que a Google News Initiative nunca deu 3 milhões de euros ao consórcio de mídias católicas Catholic FactChecking. Não podemos, portanto, prestar explicações sobre algo que nunca aconteceu.
Como foi anunciado desde o primeiro momento (cf. Google News Initiative Vaccine Open Fund Winners), a Google News Initative colocou à disposição um fundo de 3 milhões de dólares para analisar 309 projetos de 74 países. O Catholic FactChecking é um deles. Esses projetos foram julgados por um júri de especialistas do mundo jornalístico e científico, que escolheram 11 projetos de caráter internacional. Entre estes o Catholic FactChecking.
Pela nossa amizade, permita-nos informar (como já havia sido feito) que “infelizmente” nunca recebemos 3 milhões de euros da Google News Initiative.
Por se tratar de um concurso público, ordenado por um regulamento público a que todo cidadão tinha acesso, vocês podem saber que uma das condições para a participação no concurso era aquela da contribuição econômica de cada participante no projeto. Em outras palavras, a Google News Initiative não cobriu os custos operacionais da ação editorial das mídias participantes desse esforço para esclarecer um tema que é importante para toda pessoa: a natureza científica e ética das vacinas. A Google News Initiative contribuiu por meio de um subsídio, após um concurso público, a cobrir parte dos custos do projeto.
2. Quem pegou esse dinheiro?
A pergunta tem uma resposta bastante transparente: basta navegar no site Catholic-factchecking.com, que apresenta as mídias e as instituições científicas que participaram do concurso público e que tiveram que enfrentar despesas.
Aqui está a lista precisa dos participantes que criaram o Consórcio: About Us – Catholic Factchecking (catholic-factchecking.com). Aqui podem ver a lista de outras mídias que puderam beneficiar de forma TOTALMENTE GRATUITA dos serviços e esforços dos membros fundadores, numa lógica de compartilhamento cristão: Media Partners - Catholic Factchecking (catholic-factchecking.com).
3. Quais os resultados?
Para responder à terceira pergunta do seu título, basta navegar no site Catholic Factcheking. Por respeito aos seus leitores, permita-nos esclarecer que o projeto aprovado pelos membros do consórcio tinha uma duração específica: de abril a setembro de 2021.
Por que esse período de tempo limitado? No momento da criação desse Consórcio, quando apareceram as primeiras vacinas, a comunidade cristã sentia a necessidade de ter informações precisas sobre um assunto tão sensível que respondesse não só às questões científicas e de saúde, mas também especificamente à posição do Magistério da Igreja Católica.
Pensamos que um serviço cotidiano sobre esse período poderia ser suficiente para responder a essas duas questões básicas. A realidade depois provou que estávamos certos. Quem lê o site do nosso consórcio pode comprovar que a iniciativa disponibilizou em três línguas praticamente todos os pronunciamentos magistrais do Papa Francisco, das conferências episcopais, dos bispos, mas também das vozes autorizadas do mundo cristão.
Não só isso, diariamente pudemos responder a compreensíveis perguntas científicas colocadas pelos leitores católicos graças à contribuição de cientistas e instituições científicas. Sem um esforço como aquele desse Consórcio e sem um subsídio, ainda que parcial da Google News Initiative, esse volume de trabalho não poderia ter sido realizado.
Se hoje o site não publica atualizações diárias, como fazia na época, é simplesmente porque o projeto em abril de 2021 alcançou os resultados acordados com o Consórcio.
Mas como sua pergunta é direta, vamos responder com números: Nosso Consórcio permitiu que as mídias participantes, além de outras que se somaram depois de forma TOTALMENTE GRATUITA 1.276 artigos em inglês, francês, espanhol e italiano (novamente repetindo, o esforço nesse idioma foi menor porque não estava previsto e trabalhamos em regime de total voluntariado). Essa informação é transparente e acessível aos membros do nosso consórcio.
Muitos desses artigos foram depois republicados, adaptados, editados, pelas 33 mídias beneficiárias do consórcio, em 6 línguas, com um efeito cascata extraordinário ao serviço das suas comunidades de leitores católicos. Muitas dessas mídias, algumas da América Latina, África, puderam se beneficiar de uma informação que com seus recursos jamais teriam à disposição, inclusive direitos autorais para reprodução/edição de material de alto valor científico.
Seu post considera que seria melhor gastar dinheiro em vacinas do que em informações científicas e eticamente precisas. Podemos entender sua posição como agregador de notícias. Nós consideramos que devíamos fazer um esforço, inclusive econômico de recursos, para poder, na medida do possível, disponibilizar informações cientificamente comprovadas à comunidade cristã. Como o Papa Francisco nos explicou, essa informação é um antídoto necessário contra as fake news. Foi o que fizemos. Sabemos que desta forma contribuímos de forma implícita e indireta, mas real, para salvar vidas humanas.
Podemos constatar, portanto, números em mãos, que nosso objetivo foi alcançado.
4. A verdadeira pergunta a ser feita?
Esclarecidas suas dúvidas, queremos fazer a verdadeira pergunta. Antes do seu post, só tínhamos recebido ataques de mídias militantes contra o magistério do Papa Francisco e das conferências episcopais do mundo. Em geral, ofereciam argumentos de tipo conspiração. Em nenhum caso, ninguém questionou a veracidade de nossa produção editorial, tanto do ponto de vista científico quanto do ponto de vista ético ou teológico. Acreditamos que, como jornalistas, essa é a verdadeira pergunta para avaliar o nosso serviço. Ninguém a apresentou até agora. Mas estamos dispostos a prestar contas de nossas ações a qualquer momento.
Jesús Colina, coordenador do CatholicFactchecking.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Um esclarecimento do diretor da “Aleteia”: Google nunca deu 3 milhões de dólares à mídia católica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU