26 Setembro 2022
"Os eleitores que se declaram católicos e aqueles que se declaram sem religião estão prestes a garantir a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 02 de outubro", escreve José Eustáquio Diniz Alves, demógrafo e pesquisador em meio ambiente, em artigo publicado por EcoDebate, 23-09-2022.
O voto evangélico foi fundamental para a eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018, como mostrei no artigo “O voto evangélico garantiu a eleição de Jair Bolsonaro”, publicado no Portal Ecodebate (Alves, 31/10/2018).
Mas em 2022, os eleitores que se declaram católicos e aqueles que se declaram sem religião estão prestes a garantir a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 02 de outubro, embora o presidente Bolsonaro tenha conseguido manter a maioria da preferência dos votos evangélicos.
A pesquisa do Instituto Datafolha, publicada no dia 22 de setembro, indicou intenção de voto de 47% em Lula, 33% em Bolsonaro, 7% em Ciro Gomes, 5% em Simone Tebet, 2% nos demais candidatos e 6% em votos nulos, brancos e não sabem. Considerando os votos válidos, Lula ficou com 50%, Bolsonaro com 35,5%, Ciro com 7,2%, Tebet com 5,4% e os demais candidatos com 2,5%. Na amostra da pesquisa Datafolha, os católicos representam 56% do eleitorado, os evangélicos 27%, os sem religião 12% e 5% para as demais religiões.
Considerando a intenção de voto de acordo com as opções religiosas dos segmentos do eleitorado e o peso de cada segmento religioso no conjunto dos potenciais votantes, o gráfico abaixo mostra a distribuição das intenções de voto válido para os 4 principais candidatos e para a soma dos candidatos com baixíssima citação de voto.
Nota-se que dos 50% dos votos válidos do candidato Lula 31,2% são dos católicos, 9,2% dos evangélicos, 7,1% são dos eleitores que se declaram sem religião e 2,3% dos eleitores de outras religiões. Dos 35,5% dos votos válidos do candidato Bolsonaro 16,5% são dos católicos, 14,4% são dos evangélicos, 2,9% são dos sem religião e 1,7% das outras religiões. Os percentuais dos outros candidatos são bem menores, como mostrado nas barras do gráfico abaixo.
O gráfico seguinte, também com dados da pesquisa Datafolha de 22/09/2022, mostra as intenções de voto por segmentos religiosos para os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais. Nota-se que o candidato Lula tem mais de 50% dos votos entre os católicos e entre os sem religião e um percentual menor entre os evangélicos e as pessoas de outras religiões, enquanto o candidato Bolsonaro tem 50% das intenções de voto dos evangélicos e fica bem abaixo dos 50% nos outros segmentos.
colocar aqui a legenda (Foto: nome do fotógrafo)
Nas eleições presidenciais de 2018, Bolsonaro ganhou com grande diferença entre os evangélicos, empatou entre os católicos, venceu entre as outras religiões e perdeu de pouco entre os sem religião.
Agora em 2022, o quadro se alterou, pois embora Lula perca entre os evangélicos, ele ganha entre os outros segmentos e coloca ampla margem de vantagem entre os católicos e os sem religião. Desta forma, esses dois segmentos podem decidir o pleito no primeiro turno das eleições presidenciais de 2022.
ALVES, JED, CAVENAGHI, S, BARROS, LFW, CARVALHO, A.A. Distribuição espacial da transição religiosa no Brasil, Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 29, n. 2, 2017, pp: 215-242
ALVES, JED. O voto evangélico garantiu a eleição de Jair Bolsonaro, Ecodebate, 31/10/2018
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Os católicos e os sem-religião podem garantir a vitória de Lula no 1º turno. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves - Instituto Humanitas Unisinos - IHU