Dando continuidade aos debates do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU recebe o professor e pesquisador do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, Renato Sztutman.
O evento intitulado Ciência e ficção: especulação e imaginação para resistir no Antropoceno terá transmissão on-line, a partir das 10h desta terça-feira, 19 de julho, nas plataformas digitais do IHU.
“O tempo atual é o tempo da crise. Poderia ser comparado ao tempo do Renascimento, um tempo de muita especulação sobreo que é humano, o que é o mundo, o que é a natureza e, por sua vez, esse tempo da especulação, vai dar origem ao que é a Modernidade. Mas é uma modernidade que vai escamotear toda essa efervescência especulativa e vai estabelecer uma agenda escondida”, explica Renato Sztutman, em vídeo publicado no YouTube.
“O Renascimento, como diz Stangers, não é o lugar do conforto, mas o lugar da imprevisibilidade, o lugar do quem somos? Onde estamos? E, portanto, estamos nesse momento do ‘onde estamos?’. Ela vai dizer que esse momento aparece o lugar importante da ficção científica, que é uma forma do gesto especulativo”, complementa Sztutman.
A mproposta do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo é discutir, de modo transdisciplinar, os desafios que o novo regime climático do planeta impõe às nossas formas de pensar, conceber e habitar o mundo. Dividido em dez conferências, a programação do ciclo retoma questões políticas, filosóficas e teológicas sobre a vida no antropoceno, considerando o ocaso e, em certo sentido, o fim/esgotamento da Modernidade.
No centro da crise, o sentido e a autorreferencialidade do ser humano em um mundo em que cada vez mais somos governados pelo que nos habituamos chamar de natureza. Trata-se, portanto, de um debate que leva em conta o deslocamento da política para a dimensão cosmopolítica. Repensar a condição humana diante do novo regime climático e a ameaça da sexta extinção em massa, justamente da espécie humana, pode ser o ponto inicial da discussão aqui proposta.
Renato Sztutman é professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo. É mestre (2000) e doutor (2005) em Antropologia Social pela USP, área de etnologia indígena. Realizou pós-doutorado, em 2015, no Departamento de Filosofia da Universidade de Paris Ouest Nanterre.
É pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA-USP) e do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA-USP).
Foi editor responsável, entre 2013 e 2017, da Revista de Antropologia (Depto. de Antropologia da USP).
Foi um dos fundadores e co-editou, entre 1997 e 2007, a revista Sexta-Feira. Seus principais temas de pesquisa são: cosmopolíticas ameríndias, fronteiras entre antropologia e filosofia, antropologia e cinema.
Renato Sztutman (Foto: Reprodução IEA/USP)
O Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo se estende até julho. Você pode ver a programação completa a seguir. Para receber certificação, é necessário se inscrever no site do evento.
Todas as conferências serão transmitidas on-line no canal do YouTube do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
Felwine Sarr possui doutorado em Economia pela Universidade de Orléans (França), é professor na Universidade de Gaston Berger, em Saint Louis (Senegal), na qual, em 2011, ficou responsável pela faculdade de Economia e Gestão e criou o Centro de Investigação em Civilizações, Religião, Arte e Comunicação (CRAC), onde ensina Economia Política, Economia do Desenvolvimento, Econometria, Epistemologia e Historia das Ideias Religiosas. É editor do Journal on African Transformation, editado pelo CODESRIA - Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África e pela UNECA - Comissão Econômica das Nações Unidas para a África. É autor dos livros Dahij (Gallimard 2009), 105 Rue Carnot (Mémoire d’Encrier 2011), Méditations Africaines (Mémoire d’Encrier 2012), Afrotopia (Philippe Rey 2016), entre outros.
Mateus Uchôa é bacharel e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É também mestre em Artes pelo PpgArtes da UFC. É doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na linha de Estética e Filosofia da Arte com pesquisa sobre os mundos animais e os limites do anthropos. Tem interesse em Filosofia da Natureza; Pluralismo Ontológico; Pensamento Ameríndio; Multinaturalismo; Estudos Multiespécies; Virada Ontológica na Antropologia; Estética e Pensamento Decolonial; Ecologia e Experiência Sensível; Cosmopolíticas e Questão Ambiental no Antropoceno.
Juliana Fausto possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2012) e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2017). Atualmente é pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Paraná, com bolsa PNPD/CAPES, onde atua como professora visitante, ministrando disciplinas nos níveis de Graduação e Pós-Graduação em Filosofia. Desenvolve pesquisa na área de Filosofia e a Questão Ambiental, com ênfase na relação dos animais outros que humanos com a política, e na área de estudos feministas, com ênfase em epistemologias feministas e nos conceitos de mulheres, natureza e monstruosidade. Tem interesse em temas relacionados a Antropoceno, animais, ecofeminismo, gênero, cinema e literatura. Foi bolsista Nota Dez da FAPERJ (2015-2016).