Nigéria. Igreja evangélica em polêmica por “conversão forçada”

Membros da ECWA na Nigéria. Foto: World Watch Monitor | ECWA Usa

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01 Julho 2022

 

O tema das conversões na Nigéria, país já dividido pela religião, é um assunto sensível que frequentemente leva à perturbação social e à violência.

 

O comentário é do padre nigeriano Justine John Dyikuk, publicado por La Croix Africa, 30-06-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

Uma das maiores Igrejas Evangélicas da Nigéria se tornou o centro de uma polêmica em função da conversão de muçulmanos para o cristianismo em um país que já testemunha muita violência contra os cristãos.

 

A Igreja Evangélica Todos Venceremos (ECWA, sigla em inglês) está trabalhando para se desassociar das acusações de que obriga pessoas, incluindo crianças de rua, popularmente conhecidas como almajiri, a se converterem para o cristianismo.

 

Relatos e histórias sobre agentes do Departamento de Segurança do Estado terem invadido suas instalações em Jos, onde 21 muçulmanos e almajiri foram mantidos como reféns e sendo convertidos à força ao cristianismo, são falsos e distorcidos, disse o presidente da ECWA, Stephen Baba Panya, em comunicado.

 

Esses relatórios são “um esforço deliberado para desacreditar a Igreja e causar uma crise religiosa”, disse ele.

 

Panya apontou que o relato sobre o suposto crime da ECWA é, na verdade, uma formação dada aos menos privilegiados da sociedade para capacitação, aquisição de habilidades, ética cristã e habilidades de liderança com o único objetivo de torná-los parte da sociedade convencional.

 

Tem um curso de formação de um ano após o qual os participantes são ajudados a se estabelecerem.

 

No entanto, por falta de espaço na sede da ECWA, a igreja adquiriu uma propriedade privada dentro de uma área residencial em Jos para formar e abrigar participantes, nenhum menor de 18 anos.

 

“Os trainees são livres para desistir da formação se estiverem insatisfeitos com as políticas ou com as condições das instalações”, disse Panya.

 

A ECWA “ficou chocada” com as falsas acusação que dizem ter emanado de um “fugitivo” de que os estagiários da propriedade foram levados à força para lá com o objetivo de convertê-los à força ao cristianismo, disse ele.

 

Segundo ele, a ECWA não se envolve na violação dos direitos fundamentais de qualquer nigeriano à sua liberdade religiosa.

 

A Igreja Evangélica Todos Venceremos, anteriormente conhecida como Igreja Evangélica da África Ocidental, é uma das maiores denominações cristãs da Nigéria, com cerca de dez milhões de membros em 6 mil congregações em todo o país.

 

Ela administra estações missionárias, escolas bíblicas, escolas acadêmicas e programas médicos.

 

Há um sério confronto entre os cristãos evangélicos que se opõem à expansão da Sharia no norte da Nigéria por muçulmanos militantes desde 1999.

 

O norte e o sul da Nigéria são respectivamente dominados por muçulmanos e cristãos e quaisquer relatos de “conversões forçadas” ou de igrejas no norte crescendo à medida que os muçulmanos se convertem ao cristianismo, muitas vezes levam à violência.

 

Cerca de 11,5 mil cristãos no norte da Nigéria foram mortos em cinco anos entre 2006-2014, e 13 mil igrejas foram destruídas, forçando 1,3 milhão de cristãos a fugir para áreas mais seguras do país.

 

A Nigéria está na 7ª posição na lista de países em que cristãos são mortos por sua fé, considerando outubro de 2020 a setembro de 2021, sendo 4.650, acima dos 3.530 do período anterior, de acordo com a pesquisa da organização de apoio cristão Open Doors.

 

Os pesquisadores dizem que esses ataques contra os cristãos podem ser vistos como uma disputa pelo poder político entre o islamismo e o cristianismo, com os muçulmanos vendo os cristãos como agentes do Ocidente para corromper os valores islâmicos, e os cristãos vendo os muçulmanos como jihadistas empenhados em expandir a influência do islamismo, especialmente uma vez que houve incidentes semelhantes em que os cristãos são presos e mortos sem que eles sejam capturados ou processados.

 

“O Boko Haram desde 2009 vem atacando principalmente cristãos e estendendo colateralmente esses ataques a alvos muçulmanos e instalações do governo, incluindo seus estabelecimentos de segurança em vingança pelos sucessos do governo contra o grupo terrorista”, diz o grupo de direitos civis nigeriano, Sociedade Internacional pela Liberdade Civil e o Governo da Lei (Intersociety).

 

As atrocidades contra os cristãos não foram controladas e atingiram números alarmantes com as forças de segurança do país e atores políticos preocupados olhando para o outro lado ou conspirando com os jihadistas, disse o grupo Intersociety.

 

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