06 Junho 2022
"Que se escute o grito desesperado das pessoas que sofrem e vemos na mídia todos os dias. Que a vida humana seja respeitada e pare a destruição macabra de cidades e aldeias em todos os lugares. Continuemos, por favor, orando e trabalhando muito pela paz, sem nos cansar", afirmou o Papa Francisco após a oração Regina Coeli nesta Festa de Pentecostes.
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 05-06-2022
Da cadeira junto à janela, o Papa Francisco reflete sobre as duas ações do Espírito: ensinar e lembrar. “O que o Evangelho pode dizer na era da Internet e da globalização? Como sua palavra pode ter impacto?”, pergunta o Papa. E ele responde: “O Espírito Santo é especialista em encurtar distâncias, ensina-nos a superá-los. É Ele que liga o ensinamento de Jesus a cada tempo e a cada pessoa”. Portanto, enquanto “corremos o risco de fazer da fé uma coisa de museu, Ele a sintoniza com os tempos” e “traz o Evangelho de volta aos nossos corações”.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, Solenidade de Pentecostes, celebramos a efusão do Espírito Santo sobre os Apóstolos, que aconteceu cinquenta dias depois da Páscoa. Jesus havia prometido isso várias vezes. Na liturgia de hoje, o Evangelho retoma uma destas promessas, quando Jesus disse aos seus discípulos: «O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos fará lembrar o que vos tenho dito» (Jo 14, 26). Isto é o que o Espírito faz: Ele ensina e lembra o que Cristo disse. Reflitamos sobre essas duas ações, ensinando e lembrando, porque é assim que Ele penetra em nossos corações com o Evangelho de Jesus.
Em primeiro lugar, o Espírito Santo ensina. Deste modo, ajuda-nos a superar um obstáculo que surge na experiência da fé: o da distância. De fato, pode surgir a preocupação de que haja uma grande distância entre o Evangelho e a vida cotidiana. Jesus viveu há dois mil anos, eram outros tempos, outras situações, e por isso o Evangelho parece ultrapassado, inadequado para falar ao nosso povo de hoje com suas demandas e seus problemas. Também surge esta pergunta: o que o Evangelho pode dizer na era da Internet e da globalização? Como sua palavra pode impactar?
O Espírito Santo é especialista em encurtar distâncias. Ensina-nos a superá-los. É Ele quem conecta o ensinamento de Jesus com cada tempo e cada pessoa. Com Ele, as palavras de Cristo ganham vida hoje! Sim, o Espírito os torna vivos para nós. Através da Sagrada Escritura ele nos fala e nos guia no presente. Ele não teme a passagem dos séculos, mas torna os crentes atentos aos problemas e acontecimentos do seu tempo. De fato, quando o Espírito ensina, atualiza, mantém a fé sempre jovem. Corremos o risco de transformar a fé em coisa de museu, ele a sintoniza com os tempos. Porque o Espírito Santo não está preso a tempos ou modas passageiras, mas traz ao presente a atualidade de Jesus, ressuscitado e vivo.
Como o Espírito realiza isso? Fazendo-nos lembrar. Aqui está o segundo verbo, lembrar, isto é, trazer de volta ao coração. O Espírito traz o Evangelho de volta aos nossos corações. Acontece como com os Apóstolos: eles ouviram Jesus muitas vezes, mas o entenderam pouco. Mas desde Pentecostes, com o Espírito Santo, eles se lembram e entendem. Eles aceitam suas palavras como se fossem especificamente para eles, e passam de um conhecimento externo para um relacionamento vivo, convicto e alegre com o Senhor. É o Espírito que faz isso, que passa do fato de "ter ouvido falar dele" ao conhecimento pessoal de Jesus, que entra no coração. É assim que o Espírito muda nossas vidas: Ele faz dos pensamentos de Jesus nossos pensamentos.
Irmãos e irmãs, sem o Espírito que nos lembra Jesus, a fé se torna esquecida. E nós - tentemos nos perguntar - somos cristãos esquecidos? Talvez uma adversidade, um cansaço, uma crise sejam suficientes para esquecer o amor de Jesus e cair na dúvida e no medo? Tenhamos cuidado para não nos tornarmos cristãos esquecidos. O remédio é invocar o Espírito Santo. Vamos fazê-lo com frequência, especialmente em momentos importantes, antes de decisões difíceis. Tomemos o Evangelho nas mãos e invoquemos o Espírito. Podemos dizer: "Vem, Espírito Santo, lembra-me de Jesus, ilumina meu coração." Então abrimos o Evangelho e lemos uma pequena passagem, lentamente. E o Espírito fará com que isso fale em nossas vidas.
Que a Virgem Maria, cheia do Espírito Santo, acenda em nós o desejo de rezar a Ela e de acolher a Palavra de Deus.
Nas saudações, após o Regina Coeli, o Papa voltou a rever as feridas mais sangrentas do mundo de hoje: Iêmen e Ucrânia.
No Pentecostes, o sonho de Deus para a humanidade torna-se realidade. 50 dias após a Páscoa, povos que falam línguas diferentes se encontram e se entendem. Mas agora, 100 dias após o início da agressão armada contra a Ucrânia, a Humanidade voltou a cair sob a sombra da guerra, que é a negação de Deus. Povos que lutam, povos que se matam, pessoas que em vez de se aproximarem são afastadas de suas próprias casas. E enquanto aumenta a fúria da destruição e da morte perversa e das oposições, alimentando uma escalada cada vez mais perigosa para todos, renovo meu apelo aos responsáveis pelas nações: Por favor, não levem a humanidade à ruína. Não levem a humanidade à ruína. Ativem negociações ativas, genuínas e concretas para um cessar-fogo e uma solução sustentável.
Que se escute o grito desesperado das pessoas que sofrem e vemos na mídia todos os dias. Que a vida humana seja respeitada e pare a destruição macabra de cidades e aldeias em todos os lugares. Continuemos, por favor, orando e trabalhando muito pela paz, sem nos cansar.
Trégua no Iêmen, renovada por mais dois meses... Uma das piores crises humanitárias de nossos dias. Não esqueçamos os filhos do Iêmen: fome, destruição, falta de educação e tudo mais...
Gostaria de assegurar as minhas orações pelas vítimas dos deslizamentos de terra causados pelas chuvas torrenciais na região metropolitana do Recife, no Brasil.
Manifesto a minha proximidade aos pescadores, pensemos nos pescadores que, devido ao aumento do custo do combustível, correm o risco de ter de cessar a sua atividade; e estendo-a a todas as categorias de trabalhadores seriamente penalizados pelas consequências do conflito na Ucrânia.
Eu rezo por vós, vós rezai por mim. Desejo a todos bom domingo. Bom almoço e até à vista.
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O Papa clama novamente pela paz: “Não levem a humanidade à ruína” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU