06 Junho 2022
Um dos ativistas ambientais mais famosos do mundo explica por que precisamos de uma nova visão econômica unitária para o mundo: a terceira revolução industrial. A entrevista com o diretor da Repubblica, Maurizio Molinari, e Eugenio Occorsio será no dia 6 de junho às 15h no Teatro Parenti em Milão.
"Esta não é apenas a primeira guerra digital, a primeira em que a comunicação conta tanto quanto o que acontece no campo de batalha, mas também a última guerra da era dos combustíveis fósseis. É uma subversão da ordem estabelecida que, no horror geral do que está acontecendo, devemos considerar cuidadosamente."
Jeremy Rifkin, figura peculiar e poliédrica de economista, ativista e até um pouco filósofo, hoje ponto de referência para a transição ecológica global, será um dos convidados do Green & Blue Festival. Nesta entrevista, ele faz um balanço da "Terceira Revolução Industrial", tema que lançou pela primeira vez há alguns anos como narrador de um dos documentários Life colletion dirigidos por David Attenborough para a lendária Unidade de História Natural da BBC.
A entrevista é de Eugenio Occorsio, publicada por La Repubblica, 04-06-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Professor, não existe o perigo de que, precisamente porque está em curso uma guerra tão sentida em todo o mundo, a atenção e sobretudo os recursos econômicos sejam transferidos das necessidades da transição ecológica para as da guerra?
Se isso acontecesse, seria um grave erro. Mas acredito que a consciência do desafio contra as mudanças climáticas está ali, intacta. Os acontecimentos desses dias trágicos nos lembram disso. O mundo lutou demasiadas vezes pelos recursos minerais de energia, desde a Segunda Guerra Mundial, que teve também na sua origem a disputa entre a França e a Alemanha pela riqueza do carvão, até as muitas guerras no Oriente Médio. Ainda hoje a energia é um elemento central: a guerra irá numa direção ou em outra se a Europa lançar um embargo ao petróleo e gás russos. Eu diria que o ponto principal é que os recursos fósseis não devem mais guiar os comportamentos do ser humano.
Um embargo seria mais fácil se não tivessem se acumulado atrasos na transição?
Sim, e isso não me surpreende tanto para os EUA, onde o lobby do petróleo continua forte, quanto na Europa, onde há uma profunda consciência ambiental. O Green New Deal lançado por Bruxelas, em cuja preparação tive a honra de colaborar a convite da Comissão, é um projeto fantástico, e o NextGen EU está aí para financiá-lo. Os países da União devem estar atentos para não perder a oportunidade, que não vai se repetir.
Trata-se de um lembrete dirigido sobretudo à Itália, cuja burocracia brilha na Europa pela ineficiência?
Digamos que vocês tiveram uma responsabilidade extra da comissão: com 200 bilhões para gastar do total de 750 na UE, grande parte dos quais destinados à transição digital e ecológica, vocês têm a tarefa de liderar todo o continente, ou pelo menos a parte meridional, rumo a um mundo mais habitável, sustentável, resiliente. Para fazer tudo isso, espero que os governantes lembrem que os investimentos devem ser feitos até 2024.
Os dois conceitos, digital e ecológico, estão intimamente ligados, em sua opinião?
Certamente. Toda a terceira revolução industrial, decisiva para a humanidade, é baseada em sua interação: depois daquela do vapor em 1800, daquela do petróleo no início de 1900, esta que está ao alcance da mão será ainda mais inovadora e geradora de melhorias nas condições de vida, toda baseada em tecnologias de rede: para a comunicação, para a troca de energia, para movimentar as fábricas, para facilitar a circulação de carros elétricos.
Tem certeza de que tudo isso está "ao alcance da mão"?
Se houver vontade política, é uma questão de poucos anos. Um watt de energia elétrica de fonte solar custava 78 dólares nos anos 1970, agora custa 40 centavos, ainda menos se quem comprar em grandes quantidades forem as próprias utilities que não acham mais conveniente investir em recursos fósseis. Já não há mais motivo para apostar nos hidrocarbonetos: não é por acaso que os fundos de pensões, as seguradoras, os bancos de investimento procuram apenas por títulos "verdes".
Voltando aos EUA, é verdade que Biden adiou seu Green New Deal porque teve que priorizar o envio de armas para a Ucrânia?
Por que você está surpreso? Eu não acabei de lhe dizer que os Estados Unidos são o país do mundo onde o lobby do petróleo e outros lobbies industriais são mais fortes?
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Jeremy Rifkin: “É errado apostar nos recursos fósseis” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU