25 Março 2022
O aquecimento global está aumentando a temperatura sobre as grandes massas terrestres da Terra. Isto é uma terrível realidade. Apesar dos esforços que (alguns de nós) estamos realizando com medidas de redução de emissões de gases do efeito estufa para limitar o alcance desta situação e não ultrapassar o 1,5 grau que pactuamos no Acordo de Paris, os modelos climáticos apontam que a crise climática aumentará ainda mais.
A reportagem é de Álvaro Hermida, publicada por El Confidencial, 24-03-2022. A tradução é do Cepat.
Essa mudança climática implica não só um aumento da temperatura média global, como também um aumento da frequência e intensidade de fenômenos climáticos extremos, como as inundações e chuvas torrenciais, o surgimento de furacões, as ondas de calor e as secas. Este último fator ganha especial relevância na Espanha, neste início de 2022, uma vez que, embora não tenhamos batido nenhum recorde, as chuvas foram mínimas e, apesar das últimas chuvas, os níveis dos pântanos e reservatórios permanecem muito abaixo da média.
Apesar do que possa parecer, é relativamente raro que dois fenômenos climáticos extremos ocorram de forma simultânea, especialmente as ondas de calor e as secas. Como estes dois fatores ocorrem ao mesmo tempo, considera-se que está acontecendo um evento quente-seco composto, mas os mecanismos que o provocam ainda estão pouco claros.
Agora, um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa Ambiental Helmholtz, localizado em Leipzig, Alemanha, conseguiu estabelecer uma série de variáveis climáticas para poder determinar se esses eventos estão ocorrendo.
A partir de agora, determina-se que ocorrem nos verões em que a temperatura média seja maior do que em 90% das estações estivais, entre os anos 1950 e 1980, e que, ao mesmo tempo, as chuvas sejam menores do que em 90% dos anos desse mesmo período.
Como explica o doutor Jakob Zscheischler, um dos autores do estudo, “no passado, os períodos de seca e de ondas de calor eram considerados de forma completamente independente. Mas, como é lógico (embora não estivesse explicado cientificamente), existe uma grande correlação entre esses dois eventos”. Os exemplos mais importantes disso foram observados nos anos 2003 e 2018 na Europa. “As consequências negativas desses extremos climáticos compostos são muito piores do que se ocorrem separadamente”.
Agora, os pesquisadores conseguiram desenhar um novo software capaz de analisar diversos modelos climáticos para entender como tais processos ocorrem. Ao examinarem os dados dos últimos 70 anos e prever o futuro que nos espera nas próximas décadas (com um aumento de 2 graus no aquecimento climático), determinaram que a frequência média dos eventos quente-secos compostos será multiplicada por quatro, chegando a 12%. Isto significa que em mais de um a cada 10 anos teremos, ao mesmo tempo, seca e onda de calor.
A extensão de suas descobertas também significa que esse modelo informático pode ser utilizado para saber com que frequência podemos esperar, no futuro, cenários de outros fenômenos climáticos extremos combinados. Exemplos disso são as tempestades tropicais e as ondas de calor, ou as ondas de calor marinhas e os aumentos extremos da acidez nas águas marinhas.
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Extremos simultâneos: como começaremos a sofrer secas e ondas de calor ao mesmo tempo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU