19 Outubro 2021
Começa nesta quarta-feira, 20 de outubro, o "Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas", que vai até sábado, 23 de outubro. Realizado no Campus da Universidade Federal do Pará, em Belém, de forma híbrida, com um grupo presencial de cerca de 200 pessoas e um grupo virtual, contará com a participação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM).
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Esta é a primeira etapa de um processo do Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA), que se reunirá em Belém, em julho de 2022. O encontro, segundo o Padre Dario Bossi, mediador do círculo sobre "Mudanças Climáticas e Defesa dos Territórios", visa "mostrar ao mundo que os povos da região Pan-Amazônica têm uma voz muito clara a respeito do papel de liderança da Amazônia na manutenção do equilíbrio climático e da biodiversidade no mundo, e querem ser ouvidos em nível internacional".
Segundo o assessor da REPAM, "há uma consciência de que a Amazônia está no momento mais crítico de sua existência, sobrevivência e possibilidades para o futuro". Segundo o padre sinodal no Sínodo para a Amazônia, "o perigo é oferecer falsas soluções ou soluções de interesse na COP26". Neste sentido, ele afirma que existe "a convicção de que as primeiras pessoas que mais profundamente podem apontar o caminho para a preservação e restauração da floresta são os povos que nela vivem".
O encontro busca um diálogo de saberes entre o conhecimento científico e o conhecimento dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, que nem sempre tiveram caminhos comuns, segundo o Padre Bossi, mas que "estão mostrando muitas convergências nos últimos tempos e que podem inspirar e se complementar mutuamente". As conclusões do encontro serão incluídas em uma carta que será lida durante a Assembleia Mundial da Amazônia em 9 de novembro, durante a COP26, onde o Cardeal Pedro Barreto, presidente da REPAM, participará. A carta apresentará reivindicações na luta contra o desmatamento e pressão para o boicote dos produtos que são resultado do desmatamento.
Foto: Divulgação
Durante os quatro dias do encontro, 9 círculos de saberes serão realizados sobre diferentes temas, com um mediador e a presença de dois homens e duas mulheres, representando o conhecimento científico e ancestral. No dia da inauguração, o presidente da REPAM-Brasil, Dom Erwin Kräutler, deve falar. O Padre Bossi insiste que este é "um dos eventos mais significativos no Brasil e na Pan-Amazônia em vista da COP26. É um evento que dá voz àqueles que de fato precisam ser fortemente ouvidos na COP26".
Não podemos esquecer que a Amazônia, a maior bacia hidrográfica e também a maior floresta tropical contínua do mundo, é o lar de mais de 300 povos indígenas diferentes, bem como de outros povos e comunidades tradicionais. É um bioma que, por sua capacidade de absorver carbono da atmosfera, regular a pluviosidade e a temperatura, é vital para o equilíbrio climático da Terra. Os ataques à floresta são, na prática, ataques à humanidade.
Um dos objetivos é envolver os detentores de conhecimentos tradicionais e científicos, assim como os povos e movimentos sociais da região Pan-Amazônica. O objetivo também é permitir um rico intercâmbio de conhecimentos e experiências para fortalecer a luta contra a globalização econômica, a violência, a falta de respeito aos direitos dos povos, a destruição da biodiversidade e o desequilíbrio climático. A importância da Amazônia para uma vida justa, equitativa e saudável também será destacada.
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“Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas”: soluções para a COP26 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU