16 Julho 2021
O Papa Francisco deu baixa na Policlínica Gemelli há dez dias para uma operação no cólon, saiu ontem de manhã após dez dias intensos que um alto prelado do Vaticano comenta assim: “Qualquer outro paciente não teria visto a hora da alta para sair. A ninguém teria ocorrido aproveitar estes dias para fazer ‘pastoral sanitária’, para ficar perto dos outros enfermos, para perceber a excelência do serviço sanitário na Itália e, como fez no domingo no Angelus, para chamar as instituições para protegê-la”.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por la Repubblica, 15-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Durante os dez dias de internação no Gemelli, Francisco não apenas superou positivamente a operação de diverticulite esclerosante. Dia após dia, compatível com o cansaço pós-operatório, ele entrou na vida de hospital tanto quanto pôde. Fez isso com discrição, mantendo aquela sobriedade que impôs desde o início à assessoria de imprensa do Vaticano: poucas notícias sobre si mesmo, apenas o mínimo indispensável. Por isso, disse também aos seus assistentes, os dois "secretários" que o Papa não quis que ficassem ao seu lado no hospital: eles, como todos no Vaticano, receberam todas as manhãs notícias sobre a sua saúde simplesmente pelo boletim médico.
Os primeiros dias após a intervenção, o Papa principalmente descansou. Ele leu alguns jornais. Ele orou. Não quis a televisão no quarto. Afinal, nem em Santa Marta a tem. Portanto, ele não assistiu à Argentina vencer a Copa América, nem a Itália o Campeonato Europeu. Ele esteve sempre de bom humor. Ele brincou com os médicos e os dois enfermeiros que o acompanharam desde o Vaticano. Nunca abandonou seu característico "senso de humor", relataram algumas fontes.
Ontem, antes de deixar o hospital, o Papa cumprimentou brevemente os dirigentes do hospital. Depois, antes de regressar a Santa Marta, foi à basílica de Santa Maria Maggiore onde, segundo explicou o porta-voz do Vaticano Matteo Bruni, em frente ao ícone Salus Populi Romani frequentemente visitado após as viagens internacionais, "agradeceu pelo sucesso do cirurgia, dirigindo-lhe uma oração para todos os enfermos, especialmente aqueles que conheceu durante os dias de sua hospitalização”. Dentro da grande basílica romana, Francisco se deslocou em uma cadeira de rodas, como os médicos o aconselharam para não forçar o corte no abdômen. Antes de cruzar a Porta del Perugino, a mais próxima de sua residência em Santa Marta, o Papa quis descer do carro e, auxiliado por seu assistente, cumprimentou militares e policiais que vigiam a entrada do Vaticano.
Da Santa Marta quis depois enviar uma saudação a todos através do seu perfil no Twitter: “Agradeço a todos quantos me acompanharam com a sua oração e o seu carinho durante os dias de internação no hospital. Não nos esqueçamos de orar pelos doentes e por aqueles que cuidam deles”. Nos últimos dias, Francisco deixou seu quarto no décimo andar para visitar a enfermaria de pediatria oncológica próxima. Foi até lá caminhando. Foi a música vinda da enfermaria que atraiu Francisco. Quem estava tocando para as crianças era Ambrogio Sparagna e a Orquestra Popular Italiana, que juntos circulam com o "L'eco der core", um projeto de 15 concertos criado pela Fundação Musica per Roma em colaboração com a Caritas da capital. Francisco terá que descansar e continuar seu tratamento nos próximos dias. O único compromisso em julho é o Angelus dominical. Seu trabalho terá ritmos mais leves.
O Papa tem pela frente alguns compromissos internacionais: a anunciada visita à Eslováquia e a Budapeste em setembro e, se confirmadas, as viagens em novembro a Glasgow para a Cop26, e no final do ano na Grécia. Nas próximas semanas, ele deverá apresentar o texto da constituição apostólica para a reforma da Cúria Romana. E depois acompanhar os processos envolvendo personalidades vaticanas: no final de julho terá início aquele sobre a gestão das finanças da Secretaria de Estado, enquanto está no final o processo pelos supostos abusos que teriam ocorrido no Preseminário.
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O Papa recusou TV e os secretários ficaram afastados. Diário da hospitalização - Instituto Humanitas Unisinos - IHU