12 Julho 2021
A cada minuto, 11 pessoas são potenciais vítimas da fome. Na Etiópia, Sudão do Sul, Síria e Iêmen, a guerra, o clima e a Covid aumentaram a carestia.
A reportagem é publicada por Avvenire, 10-07-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No mundo, a cada minuto, 11 pessoas correm o risco de morrer de fome, quase o dobro das vítimas causadas pela Covid-19, que mata sete pessoas por minuto. Esse é o alerta lançado pela Oxfam com o relatório “O vírus da fome se multiplica”, que fotografa as causas e as dinâmicas do aumento exponencial da fome global desde o início da pandemia: neste momento, 155 milhões de pessoas são afetadas pela insegurança alimentar ou desnutrição, ou seja, 20 milhões a mais que no ano passado.
A guerra continua sendo a causa número um da fome: duas em cada três pessoas (quase 100 milhões em 23 países) vivem em áreas de conflito. Mais de um milhão e meio de pessoas a mais no ano passado se encontram à beira da carestia: um número seis vezes maior do que 12 meses atrás.
A crise econômica e o agravamento progressivo da emergência climática se somam ao impacto dos conflitos em curso, apesar do apelo do secretário-geral da ONU, Antonio Gutteres, há mais de um ano, por um cessar-fogo global. O vertiginoso aumento do desemprego global e as prolongadas interrupções no ciclo de produção alimentar, que ocorreram em muitos países durante 2020 e desde o início do ano, provocaram um aumento de 40% nos preços globais, o maior dos últimos 10 anos.
“Em países como Afeganistão, Etiópia, Sudão do Sul, Síria e Iêmen, a guerra no ano passado levou a um aumento exponencial do número de pessoas que se encontram a um passo da fome”, acrescentou Paolo Pezzati, assessor político para as emergências humanitárias da Oxfam Itália. “Segundo os últimos dados, 350 mil pessoas da região etíope do Tigrai vivem agora nessa condição, o maior número já registrado desde o conflito de 2011 na Somália, quando mais de 250 mil pessoas morreram de fome. No Iêmen, mais da metade da população (mais de 15 milhões de pessoas) está em risco, mais de seis anos e meio após o início do conflito, que já causou centenas de milhares de vítimas.”
Entre os países mais afetados pelo aumento da fome neste momento, estão Brasil, Índia, Iêmen, região do Sahel, Sudão do Sul. “A emergência é global e atinge principalmente as camadas mais vulneráveis da população, começando pelas mulheres, que em muitos casos abrem mão da comida para alimentar os seus filhos”, acrescentou Petrelli.
Lembrando que “estamos diante da tempestade perfeita em que guerras, pandemia e caos climático pressionam populações inermes com uma força que não deixa saída”.
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Fome continua matando mais do que a pandemia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU