19 Junho 2020
Paulinho Paiakan importante liderança indígena da etnia Kayapó morreu nesta quarta-feira (17) em Belém, no Pará, vítima do novo coronavírus. Paiakan foi importante figura na luta pela demarcação do território do seu povo, contra invasões de grileiros e na denuncia dos impactos do projeto hidrelétrico de Belo Monte, no Pará, mas caiu no ostracismo após ser condenado por estupro.
A reportagem é publicada por Amazônia.org, 17-06-2020.
Na semana passada, ele teria dado entrada no hospital de Redenção com sintomas do novo coronavírus e, após agravamento do quadro clínico, transferido para o hospital Regional Público do Araguia, onde faleceu.
Paiakan foi um dos primeiros Kayapós a aprender português, quando ainda jovem foi levado por missionários para Altamira. Atuou junto a Fundação Nacional do Índio em 1972 e defendeu o território indígena ao lado de importantes figuras do indigenismo e organizações. Em 2008, ao lado de Raoni e outras lideranças Kayapó, conseguiu a homologação de Terra Indígena onde hoje vivem cerca de 12 mil pessoas.
Durante o governo Sarney, foi perseguido por sua oposição ao projeto hidrelétrico de Belo Monte no Pará. Após visita a Washington, ao lado de Kube-i, denunciou o projeto e a ausência de consulta pública aos povos indígenas que teriam seus territórios impactados. Ao voltar ao país, foi interrogado pela Polícia Federal acusado de causar danos à imagem do país.
Em 1992 foi acusado de estrupo pela estudante Silvia Letícia da Luz Ferreira. Foi preso preventivamente até 1994 e após soltura o Ministério Público Federal entrou com recurso. Em 1998 foi condenado por unanimidade pela 2º Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Pará. Sua esposa, Irekrã, foi acusada de ter agredido e facilitado a ação do marido. Foi condenada a quatro anos de detenção em regime semiaberto.
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Paulinho Paiakan, liderença Kayapó, morre vítima do novo coronavírus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU