15 Mai 2020
Desde o final de março o brasileiro está cumprindo, na medida do possível, as regras de isolamento social, como estratégia para reduzir a transmissão do novo coronavírus. Com isso, lojas, mercados, farmácias e restaurantes têm intensificado o investimento em e-commerce e/ou delivery.
A reportagem é publicada por EcoDebate, 14-05-2020.
Essa estratégia das empresas para continuar vendendo neste novo cenário de quarentena, transformou o perfil de consumo e modalidade de compra dos brasileiros. Em março, as vendas online registraram crescimento de 20,38% em relação a fevereiro.
Nesse mesmo período, o faturamento do setor também acompanhou esses bons resultados, com variação positiva de 20,40%. Os dados são do índice MCC-ENET, desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) em parceria com o Movimento Compre & Confie.
Dados de consumidores fornecidos pelo site de guias de compra Guia55 dão conta de que este crescimento se dá por dois motivos principais: a necessidade de compra e a influência online.
No primeiro caso, além das necessidades rotineiras de cada família, novas demandas surgiram. Ficando em casa, os consumidores descobriram novas habilidades, novas necessidades e até aproveitaram o tempo livre para redecorar e/ou reformar suas casas, logo, tiveram que adquirir materiais para essas atividades, por meio de e-commerce.
Por outro lado, ficando em casa, os consumidores ficaram mais tempo conectados. Sabendo disso, lojas de diferentes segmentos investiram em marketing digital e atraíram a atenção de novos clientes, que influenciados pelas mídias e motivados pelo ócio, distraíram-se com compras online.
Apesar dos dados positivos para o mercado de vendas digitais, essa nova cultura de compra, como todas as outras, impacta o meio ambiente.
No início do processo de isolamento foi possível identificar inúmeros aspectos positivos para natureza. Afinal, a diminuição da interferência do homem no meio ambiente tende a ajudar na recuperação ambiental, na qualidade do ar, no habitat dos animais silvestres e urbanos e na diminuição dos impactos ambientais.
Entretanto, o consumo, em todas as suas modalidades, causa danos ao ambiente. Com o e-commerce, além da extração de matéria prima para fabricação dos diferentes produtos, intensifica-se a emissão de CO² com o transporte. Além disso, claro, embalagens se avolumam com a compra online de todo tipo de material, com o uso ativo de plástico e papelão.
Segundo o relatório, de um estudo feito pelo Simon Property Group, o maior proprietário de shoppings dos Estados Unidos, as compras online possuem impacto ambiental 7% maior que de shoppings, considerando a compra da mesma quantidade de produtos nos dois casos.
De acordo com a pesquisa, esse resultado se dá, principalmente, pelo fato de os consumidores exigirem entregas no mesmo dia ou cada vez mais rápidas, o que requer mais recursos como o combustível.
Independente do nosso estilo de compra o ambiente sofrerá prejuízos, entretanto, esta nova realidade pode servir para que mais pessoas aprendam e repensem, seus estilos de vida, necessidades de consumo, importância do trabalho e senso de cidadania e comunidade.
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Comércio online cresce na pandemia: Isso é bom para o meio ambiente? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU