Liturgias virtuais correm o risco de “des-localização”. Artigo de Massimo Faggioli

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03 Abril 2020

"A virtualização forçada do espaço litúrgico durante esta pandemia corre o risco de ser um novo tipo de centralização e "des-localização" da Igreja Católica", alerta Massimo Faggioli, professor na Villanova University, nos EUA, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 02-04-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Segundo o professor de História da Igreja, "esse movimento do local para o centralizado – enquanto o “centro” é o Vaticano ou nosso grupo escolhido – terá um impacto no equilíbrio enquanto igreja: em termos de como nós pensamos a estrutura eclesial e a autoridade, mas também em termos institucionais e sustentabilidade financeira para as igrejas locais"

Eis o artigo.

A virtualização forçada do espaço litúrgico durante esta pandemia corre o risco de ser um novo tipo de centralização e "des-localização" da Igreja Católica.

Nos séculos passados, ameaças existenciais para as dinâmicas fundamentais da vida eclesial deram vantagem para o nível central, isto é, para o papado.

Nós vimos como isso funciona na benção Urbi et Orbi, dada pelo papa Francisco, na sexta-feira, 27-03: o maravilhoso cenário de Roma sendo usado com todo seu potencial. Isso não parece ameaçador hoje, graças à atenção de Francisco para a necessidade do equilíbrio entre os níveis locais e centrais. Mas isso é um assunto de longo prazo para a Igreja porque ainda é um processo em andamento de “des-localização” em nossas vidas.

Essa é uma eclesiologia – consciente ou inconsciente – através de vias litúrgicas sendo adaptadas nesse tempo extraordinário. Isso não é apenas um assunto de tecnologia. Isso também tem referência eclesiológica em seu tempo de suspensão, olhando para além do tempo da pandemia: estamos participando da liturgia de nossa comunidade local ou “natural” (como deveria ser), ou de nosso movimento eclesial escolhido, em uma dinâmica de competição, não muito diferente de como funciona o livre mercado?

Esse movimento do local para o centralizado – enquanto o “centro” é o Vaticano ou nosso grupo escolhido – terá um impacto no equilíbrio enquanto igreja: em termos de como nós pensamos a estrutura eclesial e a autoridade, mas também em termos institucionais e sustentabilidade financeira para as igrejas locais.

A falta de consciência eclesiológica sobre esse assunto nas diretrizes oficiais para esta emergência litúrgica pode estar repleta de consequências a longo prazo, distorcendo o equilíbrio eclesiológico saudável entre os diferentes níveis de igreja.

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