30 Março 2020
Um encontro face a face de mais de meia hora entre o Papa Francisco e a prefeita de Roma, Virginia Raggi, para falar sobre a emergência do coronavírus na capital italiana e sobre as ajudas às camadas mais frágeis. Mas também sobre os conventos e casas generalícias onde residem idosos, freiras e padres. Comunidades fechadas, alvos fáceis da crise sanitária desencadeada pela Covid-19.
A reportagem é de Lorenzo De Cicco e Franca Giansoldati, publicada em Il Messaggero, 29-03-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na província de Roma, duas estruturas se encontram em isolamento há uma semana: o convento das Irmãs Angélicas de São Paulo, na Via Casilina, e a casa generalícia da Filhas de São Camilo, em Grottaferrata.
A região do Lácio, no dia 20 de março, falava de 59 religiosas contagiadas nos dois conventos. “Mas a realidade é que não sabemos quantos casos positivos temos. Ainda estamos realizando os testes”, explicou a responsável das Filhas de São Camilo.
Em suma, o problema poderia ser muito mais extenso. Também entre os Padres Paulinos, dois deles foram hospitalizados por coronavírus.
O risco é que, como aconteceu em outras comunidades restritas, como as casas de repouso, os conventos também possam se transformar em possíveis clusters, locais circunscritos onde a epidemia se multiplica entre os hóspedes em um ritmo muito mais elevado do que a tendência comum.
É por isso que, no encontro desse sábado, 28, no Vaticano, o Papa Francisco e Raggi discutiram sobre como fortalecer a rede de assistência aos conventos. Decidiu-se coordenar, por exemplo, as intervenções da Defesa Civil, em conjunto com a Cáritas, para levar suprimentos alimentares e remédios aos religiosos hóspedes das estruturas.
A última vez que Virginia Raggi atravessou os Muros Leoninos foi alguns dias antes da decisão do papa de fechar todas as igrejas da capital. Na Secretaria de Estado, ela se encontrou com o cardeal Pietro Parolin: no centro da sua conversa, já estava a emergência do coronavírus.
Naquele dia, porém, 9 de março, a situação de sofrimento na capital ainda não era tão marcante como se evidenciaria depois, com a necessidade de ampliar o número de leitos, a criação de setores dedicados aos pacientes com Covid-19, a emergência dos sem-teto.
Assim, o encontro com o papa serviu para retomar o intercâmbio ocorrido com Parolin e continuá-lo, fortalecendo-o em uma perspectiva futura, enfatizando o desconforto já evidente dos núcleos familiares frágeis, dos idosos que sofrem o abandono e a solidão.
Francisco, retornando da grande oração em São Pedro, vista na TV na Itália por mais de oito milhões de pessoas, um recorde, voltou às práticas normais. Durante a audiência à prefeita, ele não escondeu a sua preocupação, exatamente como faz durante as missas matinais em Santa Marta.
Em geral, antes de iniciar a celebração, ele escolhe o assunto que traz de modo particular no coração ou que o atormenta mais. As famílias, o dinheiro que escasseia, os idosos que vivem em asilos que às vezes têm casos de coronavírus dentro das estruturas.
O papa confidenciou à prefeita o destino de vários conventos e casas generalícias. A idade média interna é bastante alta. Muitas vezes são padres ou freiras idosos que se encontram impossibilitados de se mover, até mesmo para fazer as compras, inclusive de remédios, ou de ter visitas médicas em domicílio, se houver religiosos doentes.
Há alguns dias, o papa enviou suprimentos alimentares das vilas papais, iogurte e queijo às irmãs camilianas, isoladas devido a alguns casos positivos. O papa disse ainda a Virginia Raggi que, na cidade, existem várias estruturas para idosos, como casas de repouso, que deveriam fazer parte de um pacote de ajuda, para não fazê-las se sentir isoladas.
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Coronavírus: Papa Francisco está alarmado com contágios em conventos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU