14 Fevereiro 2020
“Querida Amazônia”: o título da nova exortação do papa soa como uma declaração de amor por essa parte do continente sul-americano, que parece tão distante. E que, no entanto, todos são convidados a assumir como própria.
O comentário é de Dominique Greiner, padre assuncionista, jornalista e editor-chefe do jornal La Croix, em artigo publicado por La Croix International, 13-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A terra da Amazônia também é “nossa”, escreve o Papa Francisco. O que acontece lá nos afeta em primeira mão. E o modo pelo qual os seus habitantes tentam enfrentar os desafios sociais, culturais, ecológicos e eclesiais pode ser uma fonte de inspiração em todo o mundo. Como na animação e na revitalização das comunidades cristãs.
Certamente, aqueles que esperavam que o papa abrisse a porta para a ordenação presbiteral de homens casados ficarão desapontados. Francisco não ignora a situação das comunidades desprovidas da eucaristia, da qual ele lembra o caráter central para a vida cristã.
Mas são outras as pistas que ele propõe, como o relançamento da pastoral vocacional ou uma nova generosidade missionária. Acima de tudo, ele valoriza o papel das comunidades de base, dos leigos e, mais especificamente, das mulheres, que permitiram que a fé fosse transmitida “durante longo tempo, até mesmo décadas, sem que algum sacerdote passasse por lá”.
Então, compreende-se melhor por que o papa não acolheu a proposta de ordenar viri probati. Existe um risco de clericalização dos leigos que, em longo prazo, poderia comprometer a vitalidade das comunidades católicas da Amazônia. Seria uma perda não só para aquela terra, mas também para toda a Igreja. Que precisa de diversidade em seu interior para estimular a imaginação e reavivar a sua vitalidade missionária.
Assim como a Terra, a Igreja também precisa do seu pulmão verde para respirar: e esse pulmão está na Amazônia.
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O “pulmão verde” da Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU