03 Outubro 2019
Ontem a apreensão de documentos na Secretaria de Estado e na Autoridade de Informação Financeira, hoje as primeiras medidas. Na mira operações imobiliárias no exterior e em algumas movimentações nas contas onde circula o dinheiro das doações feitas pelos fiéis e enviadas ao Papa para ser redistribuídas em apoio à missão da Igreja e às obras de caridade.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fato Quotidiano, 02-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Cinco executivos do Vaticano foram suspensos após uma investigação sobre transações financeiras ilícitas no Vaticano. Apenas 24 horas após as apreensões feitas pela promotoria da Santa Sé de documentos e dispositivos eletrônicos nos escritórios da primeira seção da Secretaria de Estado e da Autoridade de Informação Financeira, o Vaticano suspendeu "por precaução do serviço" dois altos executivos e três funcionários. São o Monsenhor Mauro Carlino, recentemente nomeado pelo Papa Francisco como chefe de departamento de informação e documentação da Secretaria de Estado; Tommaso Di Ruzza, diretor da Autoridade de Informações Financeiras, genro do ex-governador do Bankitalia Antonio Fazio, casado com sua filha Valeria Maria; Vincenzo Mauriello, adjunto no departamento de protocolo da Secretaria de Estado; Fabrizio Tirabassi, adjunto do departamento administrativo da Secretaria de Estado; e Caterina Sansone, funcionária de administração da Secretaria de Estado.
"Os mencionados – consta em uma nota assinada pelo comandante da Gendarmaria, Domenico Giani, afixada em todos os acessos do Vaticano e enviada a todo o pessoal - poderão acessar o Estado exclusivamente para ir ao Departamento de Saúde e Higiene para serviços relacionados, ou seja, se autorizados pela magistratura do Vaticano.
Monsenhor Mauro Carlino continuará residindo na Domus Sanctae Marthae". No centro das investigações existem algumas transações de compra-venda imobiliárias milionárias no exterior, em particular imóveis de luxo em Londres e algumas "estranhas" empresas britânicas que teriam participado das negociações. Tirabassi gerencia os investimentos financeiros na Secretaria de Estado, no departamento administrativo, uma posição muito delicada que lida, entre outras coisas, com o Óbolo de São Pedro, que viu seu histórico número um, Monsenhor Alberto Perlasca, mudar de ares em 26 de julho de 2019, quando Bergoglio o afastou, nomeando-o promotor de justiça no Tribunal da Assinatura Apostólica.
No Vaticano só bocas fechadas e perplexidade com o que está acontecendo. Os investigadores também estariam analisando alguns fluxos financeiros nas contas por onde transita justamente o Óbolo de São Pedro, junto com doações em dinheiro feitas pelos fiéis e enviadas ao Papa para serem redistribuídas para apoiar a missão da Igreja e obras de caridade. Mas também, e acima de tudo, para o sustento do aparato do Vaticano. Em 2015, as contas e investimentos de fundos do Óbolo haviam atingido a soma recorde de quase 400 milhões de euros. Cada conta e transferências de dinheiro agora está sendo cuidadosamente examinada pelos investigadores para verificar se algumas irregularidades hipotéticas ocultam algo mais grave. Na Santa Sé, limitam-se a reiterar que o inquérito “está vinculado às denúncias apresentadas no início do verão passado pelo Instituto para as Obras Religiosas e pelo escritório do auditor geral, relativas a transações financeiras realizadas ao longo do tempo”.
Não é por acaso que recentemente Francisco aprovou os novos estatutos do IOR. A principal novidade é justamente a introdução de um auditor externo, que pode ser uma pessoa física ou uma empresa, para verificar os balancetes financeiros de acordo com padrões internacionais reconhecidos. No novo Estatuto Bergoglio também quis reforçar a figura do prelado do banco do Vaticano confiando-lhe a tarefa de promover "a dimensão ética" de administradores e funcionários, para que seu trabalho seja coerente com os princípios católicos e a missão do Instituto, mantendo trocas constante com todo o pessoal do IOR.
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Vaticano, operações financeiras ilícitas: 5 executivos suspensos, investigados um monsenhor e o chefe da Autoridade de Informação Financeira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU