Chile. Pepe Aldunate: a morte de um grande mestre, um exemplo para a Igreja chilena de amanhã

José Aldunate | Foto: Jesuítas do Chile

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30 Setembro 2019

Nós e muitos, mas muitos outros, querido Pe. Pepe, nestas horas tão definitivas, trazemos no coração um sentimento profundo: agradecer ao Senhor que nos deu a tua existência.

A nota é de Luis Badilla, publicada por Il Sismografo, 28-09-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Aos 102 anos, nesse sábado, em Santiago do Chile, faleceu o jesuíta José Aldunate, um “gigantesco monumento de coerência e transparência cristãs”, verdadeiro mestre, sem duplicidade, de muitas gerações de católicos que cresceram – orientados pelo seu exemplo de vida – em uma fé adulta e madura.

São homens e mulheres que, há muitos anos, no silêncio e no anonimato, continuaram semeando aquilo que aprenderam com esse sacerdote simples e cristalino, distante do poder, dos títulos, da riqueza, em suma, do “mundanidade”, diria o seu coirmão Jorge Mario Bergoglio, junto com quem, há três anos, rezamos quando a saúde do Pe. Pepe era muito precária.

Em relação a José Aldunate, o Chile e a Igreja local têm dívidas significativas que seria hora de honrar não apenas mantendo viva a memória da sua obra sacerdotal, pastoral e humana, mas também aplicando os seus ensinamentos sobre a dignidade humana, particularmente dos mais fracos e indefesos.

José Aldunate, com as suas ações e com o seu exemplo, foi uma luz e um farol em matéria de direitos humanos para o povo chileno, especialmente quando parecia que “a esperança silenciava”.

Sua liderança profética e corajosa, no entanto, não foi escutada por boa parte da hierarquia católica de algumas décadas atrás, envolvida em outras amenidades, cujos frutos temos visto nesses últimos dois anos.

Para muitos bispos, o Pe. Aldunate era um obstáculo a ser contornado, e a sua voz era incômoda e impertinente. Felizmente, não era assim para milhões de chilenos, especialmente leigos.

A Igreja chilena, que nestas horas, e certamente nos próximos dias, presta homenagem ao Pe. Aldunate, tem o dever – referimo-nos à sua parte saudável e evangélica – de transformar essa gratidão e admiração em gestos concretos, acelerados, convincentes e coerentes que demonstrem que ela tomou o caminho da cura e do renascimento.

O exemplo do Pe. José Aldunate, assim como o de tantos outros, pode ser fundamental para seguir esse caminho sem hesitações, isto é, o caminho da fidelidade sincera à lei suprema e perfeita: Cristo.

Há algum tempo, recebemos uma cópia de um de seus livros, e, na dedicatória, escrita com a ajuda de amigos, porque Pepe Aldunate ficou cego nos últimos anos, ele nos encorajava a continuar o nosso esforço e nos agradecia com carinho e mansidão.

É hora de retribuir.

Nós, e muitos, mas muitos outros, caro Pe. Pepe, nesta hora tão definitiva, trazemos no coração um sentimento profundo: agradecer ao Senhor que nos deu a tua existência.

Adeus, caro amigo.

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