17 Agosto 2019
"Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com uma sociedade onde a paz e a harmonia não se assentem na falsa autodefesa, mas na criação de postos de trabalho, no combate às injustiças, e na diminuição da desigualdade econômica e social, uma praga que se tornou marca registrada de nosso país – sem a necessidade de incentivar a indústria bélica, estimulando que cada cidadão adquira uma arma que, em lugar de defendê-lo, pode torná-lo vítima", escreve Alfredo J. Gonçalves, padre carlista e assessor das Pastorais Sociais.
Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com um diálogo aberto, livre e respeitoso entre os representantes das mais diversas e distintas instituições, entidades, movimentos, partidos e organizações que compõem um país – sem o constrangimento de sofrer ofensas, agressões e ataques raivosos, cheio de impropérios que não condizem com o chefe da nação...
Para além de Bolsonaro, é possível, sim, sonhar com uma nova política, sadia e transparente, onde os opositores não sejam vistos de imediato como inimigos, e sim como vozes a serem ouvidas num confronto sadio e recíproco – sem o autoritarismo e a truculência ideológica de uma direita cega e retrógrada, avessa a qualquer mudança...
Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com políticas públicas sérias e sensatas, que levem em conta as necessidades básicas e urgentes de grande parte da população brasileira, voltadas em especial para a educação, a saúde, a segurança, o transporte coletivo – sem cair na cilada do corporativismo patrimonialista da velha política...
Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com governantes movidos pelo bom senso e a razão de governar para a nação como um todo, e não apenas para os amigos e os amigos dos amigos, buscando o bem-estar do povo, privilegiando a população de baixa renda em especial os pobres e excluídos – sem enxergar em cada esquina, em cada crítica e em cada opinião diversa o fantasma do comunismo, morto e enterrado desde o término da guerra fria...
Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com uma sociedade onde a paz e a harmonia não se assentem na falsa autodefesa, mas na criação de postos de trabalho, no combate às injustiças, e na diminuição da desigualdade econômica e social, uma praga que se tornou marca registrada de nosso país – sem a necessidade de incentivar a indústria bélica, estimulando que cada cidadão adquira uma arma que, em lugar de defendê-lo, pode torná-lo vítima...
Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com o trabalho laborioso e responsável da pesquisa e da ciência, da arte e da cultura, da busca de dados e estatísticas baseadas em critérios hoje consolidados internacionalmente, no sentido de contribuir para o patrimônio nacional e da humanidade – sem permanecer exposto aos rompantes e diatribes irracionais e vexatórios de quem parece ignorar e/ou ter alergia aos avanços do conhecimento...
Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com a gratidão e o respeito aos povos indígenas, primeiros habitantes do continente americano, como também com o resgate histórico e cultural das comunidades quilombolas, estigmatizadas pela escravidão – sem entregar suas reservas territoriais para a cobiça da mineração, das madeireiras e de outros empreendimentos...
Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com a entrega do planeta Terra às gerações futuras, mantendo uma atenção especial com a preservação do meio ambiente e da biodiversidade, com o cuidado de “nossa casa comum”, na expressão do Papa Francisco – sem incrementar ainda mais a devastação e contaminação promovida pelo agronegócio e seus agrotóxicos...
Para além de Bolsonaro, é possível sonhar com um governo capaz de tratar seus quadros com a dignidade que merece cada pessoa humana, sejam tais colaboradores ministros, secretários, diplomatas ou agentes públicos em geral – sem recorrer ao linchamento político ou ao vexame das demissões à distância, e tampouco apelar para a velha prática do nepotismo...
Para além de Bolsonaro, é possível uma interpretação dos fatos históricos longa e comprovada cientificamente, como o golpe militar de 1964, os horrores do holocausto ou o uso macabro da prisão e tortura de opositores – sem a necessidade de distorcer fontes, informações e critérios, e menos ainda sem tentar desqualificá-las como “balela”, nem achincalhar a memória dos que, de uma forma ou outra, tentaram o melhor para o país...
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